Dia 13 de junho é dedicado àquele que pegou fama de casamenteiro


Movidos pela fé e pela devoção a Santo Antônio, os brasilienses dedicaram um tempo desta segunda-feira para celebrar a data dedicada ao “santo casamenteiro”. Na Paróquia e Santuário de Santo Antônio, localizada na 911 Sul, o casal de devotos Milton Antônio Nitschke, 70 anos, e Sônia Nitschke, 68, fazem as doações dos pãezinhos abençoados há 40 anos no dia do santo.

“Desde que o nosso filho nasceu nós fazemos essa doação. Seriam 42 anos, com essa pandemia ficamos dois anos sem doar, mas é uma grande graça poder fazer isso”, destaca a aposentada. “Antes, eram mil pãezinhos, mas agora com toda dificuldade diminuímos, mas continuamos a fazer as doações”, explica Milton.

Naturais do Rio Grande do Sul, o casal conta que a devoção acompanha os dois desde o início da relação, há quase 50 anos. “Na minha cidade e na cidade do meu marido lá no Sul, os dois padroeiros são Santo Antônio. Nosso filho nasceu e era muito doente, eu fiz a promessa de todos os anos fazer a doação dos pãezinhos. E assim, vamos agradecendo à Deus”, disse Sônia, segurando as sacolas cheias de pães que seriam levados para o Instituto do Câncer de Brasília, para os vizinhos e para os amigos.

Casa Pão dos Pobres da Paróquia Santo Antônio distribui 51,2 toneladas de  alimentos em 2021 | Grupo Solaris

Milton ressalta que a devoção vem desde que os pais colocaram Antônio no nome dele para homenagear o santo. “Nosso neto também é Antônio, mas é Antônio Bento, porque nasceu no dia de São Bento, destaca. Nascidos em cidades do interior do estado, o casal morou na capital sulista antes de vir para Brasília. “Depois fomos morar em Porto Alegre ao lado da Igreja de Santo Antônio. A gente ajudava lá. Ele está ligado diretamente comigo, no nome, nas graças, nas bençãos. Nós temos tradição de muitos e muitos anos”, completa o devoto.

Santo popular no país, as pessoas vão em busca de espiritualidade e intercessão de Santo Antônio no Santuário da Asa Sul. O dia é dedicado a buscar e levar o pão às famílias, para fazer uma oração, além de se confessar e fazer adoração ao santíssimo. Muitos devotos vão agradecer a graça alcançada e pagar uma promessa feita. Outros dedicam um tempo para pedir com fé algum milagre ao santo.

O advogado Deniz Gomes, 51 anos, tem uma relação antiga com o santo, que vem de família. “Fui criado com esses ensinamentos todos. A partir do momento que eu tomei consciência como cidadão e como cristão da vida de Santo Antônio, eu me identifiquei muito”, comenta o fiel que foi até a Paróquia para assistir à missa.

“Acho que além da liturgia e da própria religião, tem a questão da religiosidade, da fé, da compreensão de algo maior que é o que Santo Antônio faz muito bem e deixa muito claro que tem algo mais importante além da materialidade”, completa Deniz, destacando que, desde que eu veio do interior de Goiás para Brasília em 2000, vai anualmente na celebração. “A missa de Santo Antônio é sagrada”, conclui.

Pão de Santo Antônio – Sabor de Vida - A12.com

A ex-atleta Juscilene Garcez, 50 anos, é uma grande devota do Santo. “Eu já consegui muitas graças. Minha família inteira é devota do santo. Uma graça muito grande que eu consegui foi a gravidez.”, conta a mãe de um menino de 11 anos. Parte da equipe de liturgia da Igreja há dois anos, Juscilene faz questão de participar das atividades da pastoral para ter mais contato com o religioso.

“A gente sempre procura estar ajudando e servindo na igreja, quanto mais eu participo e fico próxima, eu vou conhecendo a grandiosidade do santo. Cada vez, me apaixonando mais”, destacou. “A gente tem que ter essa devoção aos santos que nos aproximam cada vez mais de Deus”, concluiu a devota.

Humildade e dedicação

Nascido em Lisboa, o religioso frequentou o seminário de padres antes de conhecer os freis franciscanos, que já existiam na Itália, como São Francisco. “Santo Antônio se apaixonou por esse modo simples de viver, vira frei Antônio e começa a viver num convento, lavando os pratos e trabalhando na cozinha.

Depois passa para outro convento para fazer o atendimento e, em algum dia, precisavam de alguém pra fazer uma pregação. Ele fez uma pregação tão bonita, tão eloquente, tão apaixonante que ele começou a ser convidado pra fazer mais”, conta o Frei Edgar Alves, da Paróquia na Asa Sul.

O Frei comenta que Santo Antônio, apesar de ter morrido jovem, tinha uma grande sabedoria e conhecia a Sagrada Escritura de memória. “Citava textos bíblicos e tinha um grande conhecimento teológico. Ele começou também a dar aula nas universidades, percorrendo a França e a Itália a pé, por conta da época”, descreve o religioso. Mesmo vivendo pouco, o santo começou a fazer milagres ainda em vida, além das pregações e das doações de pães.

Por que Santo Antônio é considerado casamenteiro? - Grupo RBJ de  ComunicaçãoGrupo RBJ de Comunicação

“Ele pegava o pão do convento e dava para os pobres. O superior não gostou daquilo e foi dar uma bronca nele. Ao olhar, o pão estava lá e nunca faltou nem para o convento nem para os pobres, por isso que o pão de Santo Antônio é a fartura”, explica Frei Edgar. “Isso você pode usar também para sua própria vida, no sentido do acúmulo das coisas, ao invés de acumular, você distribui, você doa para o outro pra não perder aquilo”, destaca. Além da humildade e da dedicação aos mais necessitados, Santo Antônio também ajuda a encontrar as coisas perdidas. Segundo Frei, basta rezar para o santo que ele faz encontrar aquilo que estava procurando.

Santo “Casamenteiro”

Quem nunca ouviu falar das promessas para casar feitas à Santo Antônio? E sobre colocar o santo de cabeça para baixo? O santo é popular no Brasil por unir casais, como é o caso da fisioterapeuta Karine Mourão, 43 anos, que pediu com tanta fé que conseguiu o sonhado marido. “A minha devoção é grande. Casei por causa dele”, comenta a devota. Ela conta que tudo começou no ano de 2000. “Exatamente no dia 13 de junho, eu pedi para a minha mãe me trazer na Igreja e pedi com muita fé um namorado”, recorda.

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A fisioterapeuta lembra depois da igreja chegou em casa e o Santo Antônio não estava mais de cabeça para baixo. “Eu achei que nunca mais ia achar um namorado, quando na verdade eu fui pedida em namoro à noite pelo meu marido. Estamos juntos desde essa época. Somos casados e temos uma filha”, celebra Karine. “Todos os anos, eu volto aqui para agradecer à Santo Antônio. Acredito muito nele e na intercessão dele. Eu paro tudo e venho aqui. Devia ser feriado”, destaca.

Não satisfeita com a própria alegria pela intercessão do santo, Karine foi além e pediu também um bom marido para a irmã. “Pedi um cunhado cirurgião-plástico ou neurologista. Veio um urologista e está tudo certo”, conta ela dando risadas. Para a devota, o importante é que estão todas felizes e bem casadas graças ao santo. “Todo ano agradeço e peço pela família e pela saúde de todos nós”, reforça.

O Frei Edgar destaca que muitas pessoas, entre homens e mulheres, vão ao Santuário rezar para encontrar a pessoa certa e para que Santo Antônio possa ajudar nesse encontro. Para alguns tem dado certo. A pessoa vem em um ano, faz essa oração, faz os pedidos e no outro ano já volta para agradecer. A gente tem muitos testemunhos em relação a isso”, comenta.