Após 62 anos, a criação de Brasília continua sendo um dos principais marcos da história do Brasil


Para quem quer se aprofundar nessa saga, o Museu do Catetinho e o Museu Vivo da Memória Candanga retratam, com riqueza de detalhes. Um marco para a história do Brasil, a construção de Brasília é admirada e relembrada mesmo após décadas. Para além da transferência da capital, a criação da cidade foi palco de histórias de superação dos que trabalharam na construção e para os primeiros moradores do local.

É honrando a importância desses eventos que, até hoje, o Museu do Catetinho e o Museu Vivo da Memória Candanga buscam relembrar os dias iniciais da existência de Brasília. Por meio dessas instituições, cujas histórias se misturam com a criação da cidade, visitantes de todos os lugares do mundo podem aprender mais sobre a construção da capital do Brasil.

O Catetinho, que se tornou museu em 1970, nasceu a partir da vontade do presidente Juscelino Kubitschek de ter um local para acompanhar a construção da cidade de perto. Um dos museus mais importantes para história de Brasília, a instituição foi reinaugurada no 62° aniversário da capital, após dois anos de fechamento e uma revitalização. Já o Museu Vivo da Memória Candanga, inaugurado em 1990, conta a história dos candangos, com o intuito de eternizar o legado deixado por este grupo na época da construção da cidade.

“O Museu Vivo da Memória Candanga e o Museu do Catetinho representam o início da história de Brasília e as pessoas que vieram em busca de um sonho. São locais de muita memória e grande importância, que retratam e relembram o início da capital e sua construção”, afirma a bacharel em museologia Vanessa Ventura.

Para Vanessa, esses museus são essenciais para representar o período de criação da cidade com clareza, seja por meio de fotos ou móveis. “O interessante de ambos os museus é que os dois foram utilizados por pessoas antes de se tornarem de fato uma instituição, então ali a história pulsa e segue viva, são dois locais de extrema importância para a cultura da capital”, pontua.

O professor historiador Daniel Maia Pol acredita na relevância dos museus para retratar uma visão realista da construção de Brasília. “Esses museus abrem espaço para que as pessoas possam ter acesso a uma visão diferente da construção de Brasília, que envolva menos romantização e mais criticidade em relação aos processos que a envolve, principalmente pelo fato de boa parte da população ter conexão direta com essas várias histórias intrínsecas à formação da capital”, garante.

“Mais do que a construção dos prédios modernistas, essas populações tiveram papel fundamental na composição da cultura brasiliense, que vai muito além do Plano Piloto e se constitui, principalmente, nas várias regiões administrativas do Distrito Federal, cada uma com suas peculiaridades”, complementa.

Para Daniel, tratar da história local é fundamental para a consolidação de uma “memória consciente acerca dos processos que envolveram a formação de uma cidade, sobretudo, quando se trata de uma cidade como Brasília, que remete ao maior processo de urbanização planejada da história contemporânea do país”, assegura. Ainda conforme o especialista, museus que tratam da história de Brasília a partir de uma perspectiva dos vários agentes responsáveis pela consolidação desse projeto, “são de suma importância para a construção de uma visão honesta acerca da nossa história”, acrescenta.

Memória social

“Conhecer a sua cidade e conhecer a história de alguém que foi tão essencial para a construção desse local é muito importante para a criação de uma memória social e cultural”, afirma a historiadora Julia Pininga. Foi justamente por meio dos museus que a pernambucana Daniela Gonçalves se conectou a Brasília, lugar que hoje considera como uma segunda casa. “Quando fui aos museus nas primeiras visitas à cidade, eu ia como turista. Meu pai tinha acabado de se transferir e eu ainda estava conhecendo a capital. Eu adorava, nunca enjoava de ir lá. Nesses lugares, sempre aprendi muito sobre a cidade, para além dos pontos turísticos”, relembra a estudante.

Desde 2007, Daniela vem semestralmente a Brasília visitar o pai. “Eventualmente, depois de muitas idas com minha família, comecei a voltar nesses museus para levar meus parentes que vinham nos visitar e acabei me tornando uma espécie de guia deles. Eu apresentava a história da cidade para os meus familiares que não a conheciam”, relata. “Inevitavelmente, aprendendo a história, você acaba se sentindo parte da cidade. No meu caso, eu fui tantas vezes nestes museus que é impossível não sentir que Brasília é um tipo de casa para mim”, declara.

FRASES

“O Museu Vivo da Memória Candanga e o Museu do Catetinho representam o início da história de Brasília e as pessoas que vieram em busca de um sonho. São locais de muita memória e grande importância, que retratam e relembram o início da capital e sua construção” – Vanessa Ventura, bacharel em museologia

“Esses museus abrem espaço para que as pessoas possam ter acesso a uma visão diferente da construção de Brasília, que envolva menos romantização e mais criticidade em relação aos processos que a envolve” – Daniel Maia Pol, professor historiador