Os discos foram financiados com apoio da Secretaria de Cultura e, em dezembro, chegaram às plataformas digitais modernizando a moda de viola
Sete violeiros de Brasília realizaram o sonho de lançar um disco de músicas inéditas. Representantes da moda de viola caipira, ritmo bastante tradicional, mas pouco comercial, Vanderley e Valtecy, Idelbrando e Barcellus, Ênio Lima e Gustavo Neto, e Reinaldo Cordeiro conseguiram gravar um álbum completo, graças ao financiamento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec).
“Para o artista conseguir verba para produzir com recursos próprios, ele não consegue. A ajuda do FAC é muito bem-vinda, porque viabiliza a esses artistas gravar e concluir os projetos” – Grillo Rocha, produtor musical
“Por se tratar de um estilo musical já bem retrô, se não for pela Secretaria de Cultura fica quase inviável fazer esse tipo de trabalho. Para o artista conseguir verba para produzir com recursos próprios, ele não consegue. A ajuda do FAC é muito bem-vinda, porque viabiliza a esses artistas gravar e concluir os projetos”, afirma o produtor musical Grillo Rocha, que ficou responsável pela mixagem e masterização dos quatro discos.
Ao longo do ano passado, os álbuns Paixão explodiu (Idelbrando e Barcellus), Essência caipira (Vanderley e Valtecy), Entre amigos e viola (Reinaldo Cordeiro) e Agora vai (Ênio Lima e Gustavo Neto) tiveram mil cópias de cada disponibilizadas em formato físico e, em dezembro, todos chegaram às plataformas digitais.
“Esses são discos de músicas inéditas que revelam a renovação muito grande da música caipira. Não tem mais aquela questão de só regravar, estamos produzindo música contemporânea, então nada mais natural que eles estejam nas plataformas digitais”, explica a produtora cultural e responsável pelo projeto, Karen Parreira. Também violeira, ela está à frente da Violeta Produções, um selo que trabalha com moda de viola caipira.
Desde o início da carreira, Karen busca o fomento do FAC. Pela expertise na própria carreira, ela cria projetos para ajudar a financiar outros artistas do gênero. Assim conseguiu recursos para a gravação e o lançamento dos quatro álbuns dos violeiros.
“O FAC é a melhor política pública de financiamento cultural do Brasil. É uma política que funciona. Todo ano a gente entra em estúdio com tudo financiado pelo FAC”, afirma. Para ela, o fundo dá oportunidade para artistas independentes terem espaço no mercado. “Costumo dizer que é um fundo que realiza sonhos”, completa.
Repertório autoral
Ênio Lima e Gustavo Lima, mais conhecidos como “os caras do modão”, apresentam Panela de ferro, um álbum que faz um resgate ao passado, com participação de baluartes do estilo musical, a dupla Zé Mulato e Cassiano e as Irmãs Barbosa (Edna e Dinah). Ao todo, são 15 faixas inéditas.
Composto por 14 músicas, o disco de Vanderley e Valtecy, como o próprio título anuncia, Essência caipira, tem um repertório 100% voltado para a música de raiz, explorando o lado romântico nas letras.
Idelbrando e Barcellus apresentam 12 canções caipiras com influência de outros ritmos musicais. No álbum, intitulado Paixão explodiu, a viola caipira ganha um tom mais moderno, assim como as letras, que tratam de humor e amor.
O violeiro Reinaldo Cordeiro também faz uma mescla com outros gêneros musicais e com a contemporaneidade em Entre amigos e violas, com intenção de se aproximar do público mais jovem. Com 14 faixas, o álbum reúne grandes artistas do estilo, como Zé Mulato e Cassiano, Ênio Lima e Gustavo Neto, e Karen Parreira.
Popular no interior do Brasil, a viola caipira é composta por dez cordas e tem origem nas violas portuguesas. É considerada um símbolo da música popular brasileira, em especial, sertaneja. A partir do nome do instrumento, surgiu a moda de viola caipira, estilo musical originário das toadas, cantigas e modinhas. É normalmente cantada em duas vozes com acompanhamento da viola.