Recomendação do MP do DF e do Ministério Público Federal também fala na interrupção da divulgação e venda de ingressos


O Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendaram, nesta sexta-feira (17), o cancelamento do show da banda norueguesa de black metal Mayhem por supostas “práticas discriminatórias”. A apresentação estava prevista para a próxima quarta-feira (22), em Brasília.

Promotores citam possíveis evidências de apologias neonazistas, suicídio, canibalismo e assassinato. Banda norueguesa diz que não tolera ‘crimes de ódio’

A recomendação também pede a interrupção da divulgação e da venda de ingressos para o show. “Há evidências de que integrantes e ex-integrantes da banda estão envolvidos com apologias neonazistas, suicídio, canibalismo e assassinato, além de diversos tipos de violências e discriminações, incluindo queima de igrejas, referências à extrema violência, incitação à mutilação, declarações racistas e antissemitas, entre outros”, diz a recomendação, assinada por promotores.

A banda negou as acusações e disse que a Mayhem não tolera “crimes de ódio”. Informou ainda que é “uma entidade apolítica com milhares de fãs em todo o mundo, de todos os tipos de origens e com todos os tipos de crenças, ideias e preferências”.

O show que ocorreria no dia 21 de março em Porto Alegre (RS) foi cancelado. No Distrito Federal, o documento pedindo o cancelamento foi enviado para a Administração Regional do Guará, onde fica a casa de shows onde está marcada a apresentação, para a Secretaria de Segurança Pública e para as empresas envolvidas na produção do evento.

No texto, os promotores afirmam que a liberdade de expressão “tem relevante papel no Estado Democrático de Direito”, mas não pode implicar “na aceitação jurídica da promoção de discurso de ódio e/ou do ataque, em espaço público ou privado, de qualquer indivíduo, grupo ou coletividade”.

O MPDFT disse que foi acionado na quinta-feira (16), por representantes de movimentos sociais que lutam contra o racismo e o antissemitismo. O MPF foi então consultado para expedir a recomendação conjunta, “tendo em vista a gravidade dos fatos noticiados e a inadmissibilidade da realização desse tipo de evento no Distrito Federal ou em qualquer lugar do mundo”.

A banda também disse que “qualquer forma de julgamento baseado apenas no histórico de uma pessoa, cor da pele, preferência sexual ou qualquer outra coisa sobre a qual ela não possa ter controle é um ato de fraqueza e é rejeitado pela banda”.