Endocrinologista esclarece informações e aponta sintomas e tratamentos


A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um dos distúrbios hormonais mais comuns nas mulheres em idade reprodutiva, afetando cerca de 10% a 15% delas. Segundo a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, existem aproximadamente 2 milhões de mulheres convivendo com essa condição no país.

Setembro é o mês de conscientização sobre a síndrome dos ovários policísticos. Para tirar dúvidas em relação à doença, médico endocrinologista explica sintomas, tratamentos e ressalta que é possível ter qualidade de vida mesmo com o diagnóstico.

De acordo com o doutor em endocrinologia clínica Flavio Cadegiani, a SOP é causada por um desequilíbrio hormonal. Neste caso, há um aumento do LH (hormônio luteinizante, produzido pela hipófise) e da insulina (hormônio produzido pelo pâncreas e que controla o nível de glicose no sangue) no organismo, o que culmina em uma produção exagerada de testosterona. Assim, a mulher acaba tendo sintomas como excesso de pelos no corpo, acne e ciclo menstrual desregulado.

“Ocorre uma alteração no ambiente dos ovários e no ambiente hormonal das mulheres, na parte de insulina e também nos hormônios masculinos. Então, há três aspectos: o aspecto micropolicístico nos ovários; sinais de excesso de hormônios masculinos, tanto clínico quanto bioquímico (excesso de pelos, acne); e quando a mulher fica sem menstruar por pelo menos 35 dias”, pontua o médico.

Segundo o especialista, os sintomas variam entre as pacientes. “Há aquelas mulheres que têm uma tendência mais para o excesso de hormônios masculinos, com pêlos; e tem aquelas mais com excesso de insulina, que têm uma tendência para o ganho de peso. Esse ganho de peso acontece mais central, no abdômen, que lembra mais a gordura masculina.”, explica.

Confira os principais sintomas da SOP:

Menstruação irregular: em geral, as menstruações são espaçadas, mas também pode haver menstruação intensa ou ausência de menstruação;

Aumento dos pelos no corpo e no rosto;

Sobrepeso;

Acne;

Infertilidade

Estima-se que metade das pacientes com SOP tenha obesidade, diabetes e hipertensão antes dos 40 anos. Além disso, 70% das mulheres diagnosticadas podem ter dificuldade para engravidar.

“A SOP está associada a múltiplas outras doenças mesmo em mulheres com peso normal. Então, se compararmos duas mulheres com sobrepeso que tenham o mesmo IMC (índice de massa corporal), por exemplo, aquela com síndrome dos ovários policísticos possui maior risco de desenvolvimento de diabetes, de outras doenças metabólicas, doenças cardiovasculares, cânceres, trombose, e também menor fertilidade”, diz Flavio Cadegiani.

O endocrinologista esclarece que quem tem a síndrome possui dificuldade de engravidar porque o ambiente ovariano fica desregulado. “Então, essas mulheres precisam de tratamentos específicos, como Metformina e Mio-Inositol, um suplemento que se mostrou bastante eficaz tanto para melhorar a fertilidade quanto para manter uma gestação.”

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da doença é feito pelo exame de ultrassom transvaginal, exames de sangue para dosagem de hormônios e pela avaliação dos sintomas que a paciente apresenta. Como não há cura, o tratamento da síndrome é voltado para melhorar os sintomas.

Há medicamentos que atuam na regulação da menstruação, na redução da produção de sebo pelas glândulas sebáceas e na diminuição do crescimento de pelos. O tratamento também pode incluir medicamentos para prevenir o diabetes e outros para evitar o colesterol elevado. “O certo é o médico observar o caso da paciente e passar um tratamento que vá de acordo com os sintomas que ela sente”, diz Cadegiani.

Qualidade de vida

Além dos medicamentos, a atividade física é essencial para a melhora dos sintomas da SOP. Isso porque ela regula a liberação e também a resposta à insulina, que é um dos pilares da síndrome do ovário policístico.

“É muito mais difícil para uma mulher com SOP perder peso do que quem não tem, porque a insulina trava um pouco a perda de peso. Então, a mulher com ovário policístico precisa fazer mais atividade física e fazer mais dieta do que uma mulher que não tem a doença”, comenta o médico.

Seguindo um tratamento adequado e mantendo uma rotina de exercícios, o doutor em endocrinologista enfatiza que é possível viver com boa qualidade de vida, mesmo convivendo com a síndrome. “É possível sim a paciente viver bem. Com o devido tratamento médico, a mulher com SOP consegue ter uma qualidade de vida equivalente a de quem não tem ovário policístico”, finaliza.

Fonte: Prezz Comunicação