Estrutura, que levou quase sete anos para ser construída devido à complexidade do projeto proposto por Oscar Niemeyer, atualmente, passa pela primeira grande reforma
Mais do que um meio de conexão entre o Lago Sul e o Plano Piloto, uma estrutura capaz de estimular a ocupação da região. Esse foi um dos pontos norteadores da construção da Ponte Honestino Guimarães, inaugurada em 1976 com o nome de Ponte Costa e Silva. “Independentemente de qual ponte, todas as do Lago tinham como princípio a condição de ser indutoras da ocupação do Lago Sul. Elas não nasceram simplesmente para facilitar a locomoção”, explica o historiador do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF) Elias Manoel.
No caso da estrutura que liga o Setor de Clubes Sul ao Pontão do Lago Sul, com acesso à Península dos Ministros e à QL 11, havia ainda um desejo do arquiteto e urbanista Oscar Niemeyer, que a projetou, de que a obra fosse uma espécie de monumento arquitetônico da cidade. “Segundo os textos de Oscar Niemeyer, ele não queria uma ponte só no sentido do transporte, mas um monumento que dialogasse com a arquitetura de Brasília. Por isso, chegou a batizá-la de Ponte Monumental, nome que nunca foi usado oficialmente”, conta.
O projeto demandava uma técnica complexa, porque o arquiteto queria uma estrutura toda em concreto e sem pilares aparentes com uma base “apenas pousando na superfície como uma andorinha tocando a água”. Isso acabou complicando a construção devido às necessidades de adaptação. “Logo foram notadas rachaduras enormes nas bases que foram construídas. Novas estacas tiveram que ser incluídas no projeto, porque a fundação havia sido calculada de maneira errada. Outra curiosidade é que a ponte não foi feita toda em concreto. Há 60 metros que conectam os dois lados em ferro, algo que ninguém nota a olho nu”, destaca o historiador Elias Manoel.
Por conta da demora, o Lago Sul acabou ganhando outra ponte, enquanto os serviços na Honestino Guimarães estavam paralisados. Foi a Ponte das Garças, construída entre 1973 e 1974. Até então, o acesso à região era feito contornando o Lago Paranoá pelas estradas Parque Dom Bosco (DF-025) e Parque Aeroporto (DF-047).
O historiador Elias Manuel chama atenção para uma curiosidade: “A ponte não foi feita toda em concreto. Há 60 metros que conectam os dois lados em ferro, algo que ninguém nota a olho nu” | Foto: Divulgação/ Arquivo Público do DF
Apesar de ter sido a segunda ponte do Lago Sul, a concepção da Honestino Guimarães é de 1967 e se trata do único dos três projetos de pontes de autoria de Niemeyer – dois para o Lago Sul e um para o Lago Norte – que foi de fato executado no DF. Após ter ficado parada entre 1971 e 1974, o trabalho terminou em 1976. A obra foi inaugurada pelo presidente Ernesto Geisel, que a batizou de Ponte Costa e Silva. Depois de alguns imbróglios, a estrutura acabou sendo renomeada como Honestino Guimarães, em 2022.
Primeira grande reforma
No segundo semestre de 2021, o Governo do Distrito Federal (GDF) iniciou a primeira grande obra de reforma na Ponte Honestino Guimarães desde a inauguração. O serviço é executado sob a coordenação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), com investimento de R$ 13,7 milhões.
Com investimento de R$ 13,7 milhões, primeira reforma da ponte abrange segurança estrutural e aumento da vida útil | Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília
“A obra abrange, principalmente, aspectos da segurança estrutural e aumento da vida útil da ponte”, explica o engenheiro civil e coordenador da Unidade de Gerenciamento de Projetos de Obras de Arte Especiais e Estruturas da Novacap, Carlos Feijão. “Aproveitando a necessidade das intervenções pela idade, ajustou-se a estrutura às exigências da carga rodoviária atual, bem como foi feita a melhoria na parte funcional da ponte, tanto de passeios laterais para pedestres quanto para acesso na cabeceira do Lago Sul, integrando ao projeto de ocupação e uso da orla do Lago Paranoá.”
A reforma contou com reforço das estruturas, modernização da iluminação, construção de passarelas de pedestres e ciclistas, recuperação de fissuras e corrosão; remodelagem dos passeios de pedestres e guarda-corpos, criação do acesso na cabeceira do Lago Sul e integração com ciclovia, construção do píer junto ao Lago e instalação da nova iluminação em LED.
A segunda etapa da obra foi autorizada pelo governador Ibaneis Rocha no dia 22. Serão investidos R$ 7,7 milhões para realizar os serviços de reforço estrutural com adição de cabos de protensão – técnica para aumentar a resistência do concreto. “Isso vai garantir mais segurança à estrutura e adequá-la às normas rodoviárias atuais”, revela o engenheiro civil.