Medida visa reforçar o policiamento, mas levanta debates sobre controle e desrespeito a direitos
Manifestação em Brasília. Uma pessoa vandaliza o patrimônio público e não há policial por perto, mas uma câmera identifica o autor do crime, abre uma ocorrência contra ele e envia às forças de segurança para prender o acusado. Outro cenário: um dia comum em Ceilândia. Um foragido da Justiça caminha no centro da região administrativa mais populosa do Distrito Federal, mas um sistema de monitoramento o reconhece e envia a localização para as autoridades, que detêm o homem. Para a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do DF, essas situações farão parte de um futuro próximo na capital.
A pasta não dá um número preciso, mas promete centenas de câmeras de biometria facial espalhadas pelas ruas em 2020. O sistema foi definido como prioritário pelo governo, que tem como meta transformar Brasília na primeira cidade inteligente da América Latina. Diante da ampliação do uso dessa tecnologia, especialistas discutem possibilidades e fragilidades, enquanto a população questiona as linhas entre a segurança e a privacidade.
Sistema inteligente
A tecnologia de reconhecimento facial é um sistema de “câmeras inteligentes” que detectam quem é a pessoa da imagem captada a partir de pontos do rosto do indivíduo — como uma impressão digital, mas da face. Isso já é realidade no transporte público brasiliense. Em maio deste ano, o equipamento que identifica os passageiros tornou-se obrigatório em 100% da frota, sendo instalado em cerca de 2,8 mil ônibus para coibir o uso irregular de cartões de passe livre estudantil. O GDF prevê uma economia de R$ 20 milhões ao ano inibindo essas práticas ilegais.