Com recursos do Fundo de Apoio à Cultura, peça ‘Boca Seca’ passará por Taguatinga, Ceilândia, Planaltina e Recanto das Emas; entrada é gratuita
Inspirada na personagem Macabéa do romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, o espetáculo de dança-performance Boca Seca traz à tona o avesso de “água na boca”. Com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC), da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), a peça começa a ser apresentada na quinta-feira (16), com entrada gratuita, e não é recomendada para menores de 18 anos.
O diretor Roberto Dagô explica que a peça investiga as nuances de um corpo feito de matéria-prima, como descreve Lispector sobre a personagem Macabéa – uma nordestina de 19 anos, orfá de mãe e pai, que se muda para o Rio de Janeiro. “Um corpo sem complexidade”, traduz Dagô.
“Nos perguntamos, durante a pesquisa, como é corpo sem esperança, aquele sem perspectiva de futuro, e ficamos muito curiosos sobre que condições físicas, existenciais, performativas, essa situação pode ter”, explica o diretor. “Para nós, o contrário da água na boca é a boca seca, essa espécie de sede, de falta, de desejo por algo que não se tem, uma iminência de salivação, que tem a ver com um corpo sem perspectiva de futuro, que não sabe que pode desejar e que pode querer”, completa.
Boca Seca foi apresentada pela primeira vez em 2019 e, agora, volta aos palcos repaginada, com novas questões políticas e poéticas pessoais e coletivas
Em cena, a multiartista Déborah Alessandra aborda o corpo e a presença, tendo como pilar, durante a dança-performance, a relação constante com uma grande quantidade de papéis. “O papel se apresenta como um material deflagrador das questões do corpo primário, baseado nas indagações que o livro gerou na gente”, comenta Alessandra. “E nessa dança entre corpo e coisa, o papel acaba me impondo desafios e dificuldades, outras formas de apresentação, sugerindo tipos de movimento que não estavam previstos”, afirma.
Apresentada pela primeira vez em 2019, Boca Seca volta aos palcos repaginada, com novas questões políticas e poéticas pessoais e coletivas. “Os nossos corpos mudaram. As questões nacionais e globais mudaram. Temos novos imaginários sociais que rondam as nossas vidas e com certeza transformaram as imagens que mostramos há quatro anos. Além disso, nossas pesquisas pessoais artísticas também avançaram”, explica Dagô. “A arte viva depende do corpo, da presença, do encontro com o público”, acrescenta.
Não perca!
A obra chega aos palcos do Teatro Sesc Paulo Autran, em Taguatinga Norte, na quinta-feira (16), às 19h30. Segue para o Teatro Sesc Newton Rossi, em Ceilândia, no sábado (18), às 20h, e no domingo (19), às 19h. Nos dias 25 e 26 deste mês, estará no Complexo Cultural de Planaltina e, em 1º e 2 de abril, no Céu das Artes do Recanto das Emas. Ao final das sessões de Boca Seca, haverá bate-papo entre o público e os artistas.
Serviço
Dia 16 – quinta-feira
Local: Teatro SESC Paulo Autran – Taguatinga Norte
Horário: 19h30
Dias 18 e 19 – sábado e domingo
Local: Teatro SESC Newton Rossi – Ceilândia
Horários: sábado, às 20h; domingo, às 19h
Dias 25 e 26 – sábado e domingo
Local: Complexo Cultural de Planaltina
Horários: sábado, às 20h; domingo, às 19h
Dias 1º e 2 de abril – sábado e domingo
Local: Céu das Artes – Recanto das Emas
Horários: sábado, às 20h; domingo, às 19h.