Minissérie, a ser exibida amanhã, no Cine Brasília, mostra a força da capital como cenário turístico e cinematográfico
O cinema de Brasília impacta e circula — e isso é facilmente comprovado, basta lembrar o exemplo do filme O último cine drive-in, de Iberê Carvalho. Em escala globalizada, o filme ficou 18 meses no catálogo Netflix, exibido em 180 países. O longa esteve em festivais na China, nos EUA, na Europa, na África e em vários países da América do Sul. “Muitas das pessoas que assistiram ao filme puderam tomar conhecimento da existência de Brasília e agregar, ao seu repertório, imagens e histórias de nossa cidade.
Soube que o prefeito da cidade de Rosário (Argentina), após assistir ao filme, anunciou que iria reinaugurar o cine drive-in de Rosário. Foi, de fato, feito — algo que me deixou muito orgulhoso”, lembra o diretor Iberê Carvalho. O impulso e enriquecimento do potencial da capital na área está demarcado na minissérie Brasília: cidade turística e cinematográfica, a ser lançada amanhã, a partir das 18h, com entrada franca, no Cine Brasília (EQS 106/107).
Dois curtas, sobre Brasília e o Centro-Oeste (Memória viva eco-história do Planalto Central e Cerrado a Caixa d’água do Brasil), abordando meio ambiente, história e arquitetura, antecederão a exibição dos cinco episódios da série, dirigida por Fernando Toledo.
Idealizador
Atanagildo Brandolt, presidente do Instituto Latinoamerica, explica os propósitos: “Queremos colocar Brasília como cenário para futuras produções, ressaltar as qualidades e os cenários únicos, e enfatizar a exuberância da natureza ao redor — a cidade nasceu sob a órbita da cinematografia”.
Temas como a produção de arte fora dos eixos, dados sobre fotografia e locação e até o “verbete” Vladimir Carvalho estão na série. “Vejo Vladimir Carvalho como uma merecida deidade, e não só local; é ainda, em escala nacional, e isso pode ser comprovado através da história dele, anterior à chegada dele a Brasília. Para entender, importa pegar a história desde Itabaiana (local de nascimento), passando por Recife, João Pessoa, Salvador e Rio de Janeiro”, observa o diretor Fernando Toledo, que ainda assina a produção de locação.
Seja num DF seco e empoeirado, registrado no longa Um assalto de fé, ou num DF afogado por uma chuva que não para (caso do longa Por que você não chora), a diretora Cibele Amaral sabe o que é filmar na capital. “Há locações espetaculares.
Toda a parte monumental da cidade oferece cenários que se encaixam bem até numa ficção científica, caso da nossa aposta com o inédito O socorro não virá, que se beneficiou de lugares como Museu da República, Panteão e Biblioteca Nacional. As Entrequadras são uma pérola também. É como morar num parque, com muito verde”, ressalta Cibele.
As filmagens da minissérie, orçada em R$ 490 mil, que mobilizou mais de 50 pessoas, começaram em setembro passado. Foram mais de 20 entrevistados, entre os quais André Lavenère, Maíra Carvalho, Pedro Lacerda e Renato Barbieri. A série será disponibilizada no canal de YouTube.com/c/institutolatinoamerica
Cidade “viva e pulsante”, como destaca Atanagildo, Brasília traz múltiplas possibilidades de produções, com facilidades de planejamento (dadas condições climáticas) e de deslocamento, pelas distâncias concentradas. Características que já colocam a cidade no “terceiro ou quarto lugar” das produções audiovisuais, pelo que conta. “Temos equipes ótimas, temos ótimas histórias.
O problema do cinema independente segue na distribuição e difusão. Com um market share de 1% nas salas de cinema, os filmes nacionais simplesmente não estão sendo vistos. E isso é uma perda de identidade e cultura para o país — tem que ser mudado. O público candango tem que se ver nas telas, com urgência!”, arremata Cibele Amaral.