Projeto com nove andares no subterrâneo provoca polêmica e tem atraído a atenção de parlamentares brasileiros
O governo dos Estados Unidos (EUA) está investindo 3,5 bilhões de reais na construção de uma nova embaixada em Brasília. O projeto ambicioso chama a atenção não apenas pelo valor bilionário, mas também por sua estrutura: serão três andares acima do solo e nove andares subterrâneos, totalizando uma profundidade de cerca de 30 metros. A obra está prevista para ser concluída em 2030.
O prédio será erguido em uma área de mais de 21 metros quadrados, próxima à Praça dos Três Poderes. Segundo especialistas, o investimento sinaliza o interesse dos EUA em manter uma relação de longo prazo com o Brasil, independentemente de mudanças políticas.
Inspirado nas curvas de Oscar Niemeyer e no modernismo brasileiro, o complexo dos EUA em Brasília manterá elementos característicos da arquitetura da capital federal, como o uso de concreto, azulejos e cobogós, e terá capacidade para abrigar 450 funcionários.
A obra também provoca polêmica e discussões entre especialistas, principalmente em relação à profundidade. Frederico Flósculo, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, destaca que esta será a maior ocupação em subsolo de toda a América do Sul, comparando-a a um bunker, com paredes de até quatro metros de espessura. Ele alerta para os desafios de manutenção e circulação de ar, além da pressão do solo e da água subterrânea.
O projeto tem atraído a atenção de parlamentares brasileiros, com o líder da oposição na Câmara, deputado Filipe Barros, anunciando que pedirá explicações aos Estados Unidos, citando questões de soberania nacional.
Entretanto, especialistas em relações internacionais, como Uriã Fancelli, argumentam que a estrutura subterrânea não necessariamente implica em atividades de inteligência, ressaltando o papel das embaixadas no fortalecimento das relações econômicas e diplomáticas entre os países.