Moradores do Plano Piloto já escutam o canto desses insetos que todos os anos anunciam a chegada do período chuvoso, confira algumas curiosidades


Você já se perguntou o que as cigarras têm a ver com a chegada das chuvas no DF? Se você é brasilienses ou mora na capital, já deve ter adotado nos seus “conhecimentos” o fato de que sempre que esses insetos cantam, é porque as chuvas vêm por aí.

O canto da cigarra pode sim ter uma ligação com as chuvas, mas não da forma como todos nós imaginávamos. O canto, na verdade é que as cigarras estão ali para procriação. Os machos são os que cantam de forma mais estridente, enquanto as fêmeas são mais discretas.

O cantos ecoa pelas matas e florestas, e através dele que os machos conseguem atrair as fêmeas para o acasalamento. Esse período de acasalamento das cigarras coincide com as épocas mais quentes e chuvosas do ano, a primavera e o verão.

Basicamente, a relação das chuvas com as cigarras, depende muito da localização geográfica. Em várias regiões do país, a época das águas é a mais propícia para o aumento dos insetos. E, por isso, acaba sendo a época de reprodução de vários tipos de insetos além da cigarra, como por exemplo, os besouros e as borboletas.

Vale ressaltar que os barulhos que as cigarras fazem é feito por meio do aparelho estridulatório que elas possuem. Esse aparelho fica dentro do abdômen, e o som é produzido por conta dos movimentos de contração.

 

Cigarras: cantoria que anuncia chuva chega a 120 decibéis – Bernadete Alves

 

As cigarras brasileiras contam com um período de vida curto, de aproximadamente dois ou três meses. Se resume em 3 estágios: ovo, ninfa e vida adulta. Logo após o acasalamento, as fêmeas depositam os ovos em rachaduras de caules de plantas hospedeiras.

Após o período de maturação e eclosão do ovo, começa o segundo estágio, que é quando ela se torna ninfa. Enquanto ninfa, ou seja, em sua juventude, a cigarra desce para o solo para viver o terceiro estágio da vida. Este é o mais longo deles. A última fase da vida desse inseto é a adulta, quando está pronto para a reprodução. Após o acasalamento, e após a fêmea colocar os ovos, tanto machos quanto fêmeas morrem.

Os corpos encontrados em algumas árvores são os exoesqueletos das cigarras, quando elas se transformam. Ingazeira, eucalipto e abacateiro são as plantas hospedeiras mais prejudicadas pelas cigarras. Tudo isso sem contar a cultura de café. As cigarras se alimentam da seiva das plantas.

No entanto, quando são ninfas as cigarras se alimentam da seiva que são encontradas nas raízes. Porém, na fase adulta esse alimento é retirado das folhas e do caule das plantas.  O professor Paulo César Motta, integrante do Departamento de Zoologia da UnB e especialista em cigarras, explicou um sobre o barulho delas.

 

“Não existe uma explicação científica ainda para isso, mas alguns estudos indicam que elas acabam cantando mais nesse período porque o solo fica mais úmido, facilitando a saída delas debaixo da terra”, explica.

No DF, barulho de cigarras equivale ao de rua com ônibus e caminhões | Distrito Federal | G1

“Quando as cigarras nascem, elas caem dos troncos das árvores e vão para debaixo do solo. Ali elas ficam cerca de 7 anos, quando estão aqui no DF. Mas existem lugares dos Estados Unidos, por exemplo, que elas ficam alojadas por mais de 17 anos”, explica.

Ainda segundo o professor, depois desse período embaixo da terra, elas deixam o solo para concluir seu ciclo vital. Apesar de ficarem bons anos alojadas no subsolo, Paulo explica que as cigarras adultas grudam nas árvores e os machos cantam para atrair as fêmeas.

“Depois de copular, esses insetos morrem em cerca de dois meses. Outro ponto importante de falar é que o DF tem uma diversidade de árvores muito grande, e isso acaba facilitando a fixação desses insetos”, conclui.