Procedimentos ficaram suspensos na pandemia. Atualmente, 250 pacientes estão aptos para realizar a operação


A pandemia de covid-19 fez com que vários serviços fossem suspensos, como as cirurgias eletivas na rede pública de saúde. De março de 2020 a maio de 2021, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran) deixou de fazer o procedimento e concentrou os esforços para atender pessoas com a doença causada pelo novo coronavírus.

Há sete meses, o serviço voltou parcialmente e, agora, foi retomado para dar vazão à fila e atender 250 pacientes que estão aptos à cirurgia.

Durante o período de suspensão das cirurgias eletivas, apenas o atendimento ambulatorial foi mantido para assistir aos pacientes tanto de pré quanto de pós-operatório. Aqueles que aguardam são pessoas que realizaram todos os exames e esperam uma data para fazer o procedimento. A partir do mês de novembro, os primeiros pacientes dessa lista de espera pela cirurgia começarão a ser atendidos.

No Serviço de Cirurgia Bariátrica do Hran são em torno de mil pacientes em atendimento – quem já operou ou quem vai operar. O hospital é o único da rede que faz esse tipo de procedimento.

Segundo a responsável pelo serviço, a médica Ana Carolina Fernandes, que também é presidente do Capítulo DF da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, desde maio foram realizadas 10 cirurgias. Ela explica que os procedimentos estão sendo retomados aos poucos após a pandemia. Antes da covid-19, era realizada uma média de 15 a 20 cirurgias por mês.

Considerando apenas as consultas ambulatoriais, mensalmente são cerca de 700 atendimentos no serviço.

Uma das pacientes que aguardam sua vez é a monitora escolar Luanda Lopes Rodrigues Campos, de 37 anos. Na terça-feira (26), ela entregou o último exame antes da cirurgia. “Hoje fiquei pronta”, comemora.

 

 

A expectativa é grande para Luanda, que teve a indicação da bariátrica após sentir dores na coluna e constatar a necessidade de fazer cirurgia de redução das mamas. “Eu descobri que só poderia fazer essa redução se tivesse alta do nutricionista. E a bariátrica seria a única forma”, afirma.

Ela já se imagina depois da cirurgia. “A gente fica sonhando como vai ser, como vamos ficar. É a nossa saúde, nossa qualidade de vida e tem, claro, a parte estética”, ressalta.

Vida nova

“Mudou tudo na minha vida após a cirurgia. Eu tinha pressão alta, diabetes. Hoje não tenho. Levo uma vida normal, tenho qualidade de vida, consigo fazer academia, correr, brincar com os meus netos”, relata a ajudante de cozinha, Miriam Gomes Machado, de 45 anos. Feliz, ela lembra que passou pela cirurgia bariátrica em 2014, após cerca de três anos e meio de espera, e conta que o procedimento trouxe benefícios para sua vida.

Todo o pré e pós-operatório foram realizados na rede pública de saúde do Distrito Federal. Miriam diz ser grata pela oportunidade e pelo atendimento recebido. “A cirurgia foi muito bem feita. O acompanhamento daqui é excelente. A equipe é maravilhosa”, elogia. Ela perdeu cerca de 56 kg ao longo desses anos, mas revela que, por cinco anos, se descuidou e ganhou 20 kg, então resolveu retomar os cuidados.

“Eu voltei há cinco meses e já consegui perder os quilos a mais. Hoje estive aqui para a consulta de encaminhamento para a cirurgia plástica”, fala, satisfeita, sobre mais uma etapa a ser vencida no tratamento.

Equipe multidisciplinar

O Serviço de Cirurgia Bariátrica foi criado em 2008 no Hran e conta com equipe multiprofissional, com cirurgião, nutricionista e psicóloga para atender os pacientes. Além desses profissionais, os pacientes precisam passar por endocrinologista, cardiologista e pneumologista.

Para chegar ao serviço, os pacientes precisam primeiro ir até uma unidade básica de saúde. Da UBS, ele é encaminhado pelo clínico para um endocrinologista da rede que, constatada a indicação de cirurgia, encaminha para o serviço especializado no Hran.

“Nosso serviço é de ponta, fazemos a cirurgia por videolaparoscopia. O procedimento dura em torno de uma hora a uma hora e meia. Em geral, o paciente recebe alta com um dia ou, no máximo, dois dias após a operação”, explica a médica Ana Carolina.

A responsável pelo serviço aponta que a técnica cirúrgica por vídeo diminui o tempo de internação, a dor pós-operatória e o índice de hérnia no local da incisão. Além disso, permite o retorno mais rápido ao trabalho e às demais atividades cotidianas.

Ela destaca ainda que o índice de complicação é muito baixo e que, após a cirurgia, os pacientes devem ser acompanhados pela equipe multidisciplinar, pois o pós-operatório é muito importante para se atingir os resultados almejados.

*Com informações da Secretaria de Saúde