A participação feminina é ainda mais forte na agricultura familiar, onde as mulheres assumem o papel de sustentadoras do lar, diz especialista do escritório ALE Advogados
No dia 15 de outubro é celebrado o dia internacional da mulher rural e, com essa celebração, o Brasil destaca a presença crescente e o papel essencial das mulheres no setor agropecuário. Hoje, quase 11 milhões de mulheres estão envolvidas no agronegócio brasileiro, desde a lida direta nas propriedades rurais até posições de gestão e liderança em empresas do setor.
Historicamente, as mulheres sempre contribuíram para o agro, seja no cuidado com a casa e a família, ou trabalhando ao lado dos homens nas atividades rurais. Nos últimos 40 anos, porém, essa participação se intensificou, com mulheres assumindo cargos de liderança e se tornando protagonistas nas propriedades e instituições ligadas ao setor.
“A mulher assumiu um papel de protagonismo no mercado de trabalho que também se fortaleceu no agronegócio, superando os estereótipos de gênero que por muitos anos foram tão marcados no setor”, reforça a especialista em direito do agronegócio, Marcella Andrade.
Segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em 2023, 33% das pessoas que trabalham dentro das porteiras das propriedades rurais eram mulheres, o que representa cerca de 4,5 milhões de profissionais. Além disso, 31% das propriedades rurais do país são administradas por mulheres, um reflexo do planejamento familiar e sucessório que tem beneficiado herdeiras interessadas em liderar os negócios.
“O planejamento familiar e sucessório é um fator de grande relevância, pois as herdeiras que demonstram interesse pela atividade passam a exercer cargos de liderança nos respectivos negócios”, acrescenta a advogada do escritório Alencar Lopes Esteves.
A participação feminina é ainda mais forte na agricultura familiar, onde as mulheres assumem o papel de sustentadoras do lar. “Na agricultura familiar, a participação feminina tem se fortalecido e preponderado sobre a masculina, sendo elas, em vários contextos, o arrimo e o esteio do sustento familiar”. Para que essa presença continue crescendo, a educação e a formação profissional são fundamentais, segundo a especialista.
“As mulheres têm a tendência de buscarem mais o conhecimento, o que resulta em maior eficiência e produtividade, sendo de extrema relevância para que continuem ocupando lugares de liderança”, destaca.
Ainda assim, desafios persistem, especialmente no que se refere à garantia de direitos de propriedade e à liderança em propriedades agrícolas. “Os obstáculos continuam permeando o contexto social e cultural, mas do ponto de vista legal, já existem instrumentos que visam trazer maior equilíbrio, e esses podem ser utilizados para fortalecer a participação feminina no setor”, conclui a advogada.