Única passagem pelo Brasil da monarca britânica, que morreu nesta quinta-feira (8), ocorreu em 1968


Maria Tereza Falcão e a filha dela, Jussara de Medeiros Falcão, estavam no grupo que conheceu a rainha Elizabeth II em Brasília, durante a única visita da monarca ao Brasil, em 1968. As duas moradoras da capital tiveram a oportunidade de aparecer em fotos com a rainha, que morreu, aos 96 anos, nesta quinta-feira (8).

Maria Tereza Falcão ainda guarda em casa as imagens junto com a rainha. À época, ela era diretora do jardim de infância da quadra 308 da Asa Sul e foi convidada para conhecer Elizabeth II, junto com a filha. Também aos 96 anos, ela hoje não consegue mais falar por causa do Alzheimer. Mas Jussara lembra da data com detalhes.

 

“Não me esqueço de nada. Foi muito emocionante. Apesar de toda a realeza dela, ela era muito doce, muito meiga. Eu lembro até hoje que ela passou a mão no meu cabelo, como no de outras crianças também”, conta

 

A passagem da monarca britânica pelo país durou 11 dias — de 1º a 11 de novembro — durante a ditadura militar. Ela e o príncipe Phillip vieram ao Brasil a convite do presidente Costa e Silva, em novembro de 1968. Em Brasília, eles ficaram no Hotel Nacional, que hospedava os visitantes mais importantes da época. Na capital, Elizabeth II fez um pronunciamento no Congresso Nacional, participou de uma sessão solene no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi convidada de honra em um banquete no Palácio do Itamaraty.

Jussara, hoje aposentada, afirma que o local onde a visita ocorreu estava lotado, tanto de pessoas que moravam na quadra quanto de autoridades. “Ela foi homenageada. Recebeu uma rosa de uma criança”, lembra. “Eu lembro que nessa noite nem dormi. Foi muito importante para o mundo. Uma mulher forte e, ao mesmo tempo, com toda essa realeza, uma mulher muito doce”, afirma a aposentada.

O momento ficou registrado nas fotografias, que são mostradas para outras gerações da família.

Rainha Elizabeth II recebeu flores de alunos de escola da quadra 308 da Asa Sul, em Brasília — Foto: Arquivo pessoal/Reprodução

“É uma felicidade muito grande saber que minha mãe e minha avó tiveram a oportunidade, a honra de conhecer a rainha Elizabeth. Desde que eu era pequenininho, minha mãe me mostra as fotos, conta as histórias, assim como minha avó, porque a gente não deixa essa história morrer”, conta Victor Falcão, filho de Jussara.

Morte de Elizabeth II

Nesta sexta-feira (9), a porta da Embaixada do Reino Unido em Brasília amanheceu com flores deixadas em homenagem à rainha. A representação do país na capital também abriu um livro de condolências para quem quiser homenagear a monarca.

A visita para assinar a publicação ocorre das 14h às 16h, na residência oficial do embaixador, na quadra 801 Sul, da Avenida das Nações, em Brasília. O livro ficará aberto desta sexta-feira (9) até 16 de setembro.

Uma seleção das mensagens deixadas pelo público serão passadas para os membros da Família Real, e podem ser guardadas nos arquivos da realeza para posterioridade, segundo a Embaixada do Reino Unido. Elizabeth II foi a monarca britânica mais longeva da história, e passou 70 anos no trono. O anúncio da morte da rainha foi feito pelos canais oficiais da família real, na tarde de quinta-feira.

“A rainha morreu pacificamente em Balmoral esta tarde. O rei [Charles III] e a rainha consorte [Camila] permanecerão em Balmoral esta noite e retornarão a Londres amanhã”, informou a Casa Real britânica no Twitter.

Com a morte de Elizabeth, seu filho mais velho, o agora rei Charles III, assume o trono do Reino Unido e de outros 14 países que têm o monarca britânico como chefe de Estado, como Austrália e Canadá.