José Valdemir Brito de Araújo, 40 anos, criou o projeto Mayim e já retirou mais de meia tonelada de resíduos do córrego do Bananal
Preocupado com o meio ambiente e a conscientização por parte da sociedade, o ativista ambiental e técnico em telefonia celular José Valdemir Brito de Araújo, de 40 anos, decidiu criar um projeto para recolher lixo de córregos e rios do Distrito Federal. A ação começou em outubro do ano passado, em plena pandemia do novo coronavírus e, de lá para cá, já tirou mais de 650 quilos de resíduos das margens do córrego do Bananal.
O projeto batizado de Mayim, que significa água em hebraico, tem a finalidade de recuperar parte do curso d’água, captando os resíduos flutuantes ou que estão na beira do córrego. Certo dia, quando pedalava pela área, Valdemir estava às margens do Bananal quando se deparou com grande quantidade de lixo descartado no local.
“Era uma quantidade considerável. Absurda. Nesse momento, decidi que iria voltar com sacos de lixo para realizar uma limpeza e dar uma amenizada no aspecto visual do local”, conta.
O ativista relatou ter colocado o projeto em prática ao perceber que ali não deveria ser o único córrego do DF com essa necessidade. “Alguém precisava fazer alguma coisa. Se o poder público não está dando conta, a sociedade precisa ajudar. Tive relatos de que há outros locais na mesma situação, também em Goiás, na Chapada dos Veadeiros. A minha vontade é ser exemplo para outras pessoas. Cabe a nós não deixar tudo se deteriorar. Não só o Bananal, como a grande maioria de córregos que banham a capital da República. Precisamos conservar a nossa água”, explica Valdemir.
O projeto teve início no ribeirão mas a ideia é expandir também para outros afluentes de diversas regiões administrativas (RAs). “Já recebemos convite para levar a ação para a Ponte Alta do Gama, Estrutural, Vicente Pires, São Sebastião e até para a Chapada dos Veadeiros. Todas em situação de urgência. Vamos viabilizar a melhor forma para fazer esses trabalhos.”
Após o recolhimento, Valdemir ainda faz a separação para dar a destinação correta para cada tipo de material. Entre os resíduos recolhidos estão: pneus de caminhão e de veículos utilitários, garrafas de vidro e de plástico, carrinhos de lixo, roupas em estado de decomposição, ferro, alumínio, malas, entre outros.
Jornada
O idealizador do projeto fala que não recebe ajuda financeira para limpar o lixo acumulado. Em outras visitas, ele teve o apoio de um colega de profissão, o também técnico em celulares Osmero Pereira Filho, 61. Para conseguir conciliar o projeto com a rotina de trabalho, em uma banca própria na Feira dos Importados, o recolhimento dos resíduos acontece apenas às segundas-feiras.
Parte do objetivo do técnico em telefonia celular é conseguir que mais pessoas criem conscientização ambiental. Após a repercussão de sua iniciativa, ele passou a explicar para os outros sobre a importância da preservação do meio ambiente e como pequenas iniciativas podem fazer a diferença.
“Que as escolas e as faculdade vejam. A água é um patrimônio de todos. Da criança ao idoso, todos nós precisamos de água para sobreviver. É dar oportunidade de uma qualidade de vida melhor, retirando dali aquilo que não deveria estar lá. Que possamos fazer o que estiver ao nosso alcance para realizar um trabalho de excelência e evitar que a água venha a perder a qualidade. Recuperar o máximo possível para a situação não piorar e ficar ainda mais alarmante”, pontua.
Valdemir afirma que por falta de condições financeiras ainda não possui equipamentos próprios para recolher o lixo. “Começamos com as próprias mãos. Hoje, já comprei uma roupa de mergulho para aguentar mais tempo dentro da água e precisamos de ajuda para que o trabalho possa continuar sendo desenvolvido.”
Após o recolhimento, Valdemir ainda faz a separação para dar a destinação correta a cada tipo de material. Todo o lixo é encaminhado ao Serviço de Limpeza Urbana (SLU), para o descarte ou reciclagem.
Entre os resíduos recolhidos estão: pneus de caminhão e de veículos utilitários, garrafas de vidro e de plástico, carrinhos de lixo, roupas em estado de decomposição, ferro, alumínio, malas, carcaças de ar-condicionado, colchonete, edredom, cobertores, carpetes e calçados variados.
“Toda ajuda é bem-vinda, todo apoio é necessário para que o projeto fique mais em evidência e iniciativas como essa possam ser feitas em outros rios até mesmo do Brasil. Tenho vídeos e faço a divulgação para os meus clientes. Alguns se sensibilizaram com o tema e vão nos ajudar. Temos um bombeiro militar e uma professora da UnB que irão acompanhar a próxima ação. Todo tipo de contribuição é bacana”, pede.
Quem quiser ajudar pode entrar em contato com o idealizador do projeto pelo telefone: (61) 98672-9196.
“A água é o nosso bem comum e temos de preservar. Nós, cidadãos, costumamos reclamar muito do poder público, mas será que estamos fazendo a nossa parte? Então, decidi agir e está rendendo bastante frutos. Tem muito ainda a ser feito. A natureza está pedindo socorro. A ideia é não parar e continuar com essa iniciativa para que ela possa seguir em frente”, finaliza.