Criações das artistas Key Amorim e Ganjart podem ser vistas nas estações Praça do Relógio e Águas Claras
Murais de grafite com a proposta de alertar a sociedade sobre a naturalização de agressões contra a mulher chamam a atenção do público na capital federal. As obras, criações das artistas Key Amorim e Ganjart, estão disponíveis nas estações de metrô Praça do Relógio e Águas Claras, respectivamente. O trabalho – que busca chamar a atenção para este dia 25, Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres – faz parte da iniciativa “Não deixe ela virar paisagem”, realizada pelo Instituto Gloria, plataforma de transformação social que possui uma rede de apoio para combater o ciclo de violência contra mulheres e meninas e que conta com o apoio da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), por meio da Gerência de Projetos Especiais. A ação é executada pela agência Artplan.
Apesar da similaridade das artes, há uma diferença que singulariza o trabalho de cada artista: enquanto Key Amorim ilustra uma mulher negra, Ganjart desenha uma mulher branca. O objetivo é sinalizar que a violência doméstica não escolhe cor, etnia ou classe social. A iniciativa também contou com mobiliários urbanos espalhados por Brasília, com réplicas da artista Key Amorim reproduzidas digitalmente. Já a figura da mulher representada por Ganjart foi projetada em alguns painéis da cidade, seguindo a mesma lógica do mural.
“Apoiar ações como essa do Instituto Gloria é fundamental para informar a todas as 160 mil pessoas que usam o Metrô-DF diariamente da importância de se combater a violência contra a mulher”
Handerson Cabral, diretor-presidente do Metrô-DF
Os grafites e a arte digital foram finalizados nesta sexta-feira (24), revelando a seguinte mensagem: “Vários tipos de violência aconteceram nesse muro, mas muita gente não percebeu. Não deixe a violência contra a mulher virar paisagem. Denuncie. Ligue 180”. No mural, há também um QR Code, que direciona as pessoas para que possam ver a transformação completa da obra em um sistema de realidade aumentada. Elas foram iniciadas no dia 19 deste mês.
Durante cinco dias, quem passou pelas obras com o olhar mais atento teve a oportunidade de perceber a transformação das ilustrações femininas, de uma representação confiante e sorridente para semblantes tristes e inseguros, cujas mudanças representam diversos tipos de violência, como física, psicológica, patrimonial e moral. Ambos os grafites sofreram as mesmas alterações, e todas as intervenções no Metrô-DF ocorreram à noite, como forma de representar o silêncio muitas vezes existente em casos de violência contra a mulher. Os mobiliários urbanos, igualmente, foram trocados durante a madrugada, com as mesmas modificações realizadas junto ao muro de sua estação correspondente.
“Apoiar ações como essa do Instituto Gloria é fundamental para informar a todas as 160 mil pessoas que usam o Metrô-DF diariamente da importância de se combater a violência contra a mulher”, destaca o diretor-presidente do Metrô-DF, Handerson Cabral.
“Violência contra a mulher sempre esteve relacionada com processos culturais, ou seja, tão normalizada que impacta a não percepção social. Tudo vira paisagem. E o reflexo desta aceitação é o aumento contínuo da violência contra nós, mulheres”, afirma a fundadora e CEO do Instituto Gloria, Cristina Castro.
A ação, igualmente, tem o objetivo de conscientizar sobre dados alarmantes na cidade. No Distrito Federal, de acordo com levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, houve um aumento de 205% nos casos de feminicídio, em comparação ao ano anterior. É mais que o triplo dos casos de 2022.