Conhecida como a Cidade Jardim, Brasília tem abundância em espaços que proporcionam o encontro entre diferentes tribos, convidadas a ocupar lugares que são de todos


As praças da capital, embora muitas sejam pouco exploradas, também fazem parte do traçado urbanístico idealizado por Lúcio Costa. Algumas são bastante frequentadas por moradores e turistas, como a dos Três Poderes, que abriga as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário, e a dos Cristais, próxima ao Quartel General do Exército.

Muitos que visitam o Parque da Cidade para a prática de exercícios ou relaxar não percebem que ali, perto do estacionamento dez, existe uma praça que faz alusão a um dos ícones da cultura brasiliense. Batizada com o nome de um dos maiores sucessos da Legião Urbana, a Praça Eduardo e Mônica homenageia a canção e conta com uma escultura metálica de seis metros de altura e tem vista privilegiada para o lago do parque.

À beira do corpo d’água, Priscila Couto, 32, faz um piquenique acompanhada pelo marido, Pablo Couto, e a pequena Cecília, filha do casal alagoano, de um ano e cinco meses, primeira geração da família nascida na capital federal. “Moramos há oito anos em Brasília e sempre viemos para a praça, antes mesmo de Cecília nascer. Hoje, ela vem com a gente. É maravilhoso, gostamos muito de vir para cá”, conta a servidora pública.

Convite ao skate

No Setor Bancário Sul, em meio aos edifícios de instituições financeiras e escritórios, a Praça do Cebolão — batizada em referência a um antigo jornal do Sindicato dos Bancários — é um bom lugar para dar uma respirada nos intervalos do expediente. A copeira Rochele Cristina, 39, trabalha na agência da Caixa Econômica Federal, que fica na Quadra 1. Diariamente, ela fica no local no horário de almoço, para se refrescar e espairecer do ambiente fechado do trabalho. “Nas sextas-feiras, sempre tem um churrasquinho, uma cerveja, a gente fica de boa e volta para casa daquele jeito”, confidencia Rochele, entre risos.

Ao longo dos anos 1980 e 1990, o Cebolão foi palco frequente de manifestações. Hoje, o local sofre com as pichações e a fonte está deteriorada e sem funcionar. Entre os principais frequentadores estão skatistas, que aproveitam o piso de concreto propício para a prática do esporte. “Como não há muitas pistas de skate em Brasília ou não são tão apropriadas, a gente prefere os picos de rua, e um dos mais tradicionais é o Setor Bancário”, diz Eliézer Rodrigues, 23. Os obstáculos instalados no espaço foram uma iniciativa bancada pelos próprios skatistas. “Aqui enche mesmo no final da tarde, quando as pessoas saem da escola ou do trabalho e vêm para cá praticar. Muitos profissionais, inclusive, falam que esse é um dos melhores solos do mundo”, revela.