Ricardo Fragelli, Eduardo Sampaio e Raquel Passos foram reconhecidos pelo 1º Prêmio Perestroika como os mais criativos, humanos e marcantes nas propostas inovadoras que criaram entre projetos de todo o país


Três professores do Distrito Federal receberam, na noite desta quinta-feira (1º/12), o 1º Prêmio Perestroika de Professores mais Criativos do Brasil. Os docentes de engenharia da Universidade de Brasília (UnB) Ricardo Fragelli e de odontologia do iDent Eduardo Sampaio e Raquel Passos foram escolhidos entre 142 professores nas categorias ensino superior e ensino livre e reconhecidos como os mais criativos, humanos e marcantes nas propostas inovadoras que criaram.

Lançado no Dia dos Professores deste ano, em 15 de outubro, o prêmio teve, ao todo, mais de 455 inscrições e 20 foram escolhidos vencedores, cinco de cada uma das quatro categorias estabelecidas pela premiação: ensino superior, ensino básico, ensino livre e ensino digital. Cada projeto foi julgado em cinco critérios: afeto, encantamento; inovação; retenção e linguagem.

De acordo com Felipe Anghinoni, professor fundador das escolas Perestroika Sputnik, o objetivo do prêmio não se limita apenas aos 20 vencedores, mas a criar uma rede de destaque de profissionais inovadores, de forma a “mapear, destacar e premiar esses profissionais e a partir disso integrar, fazer com que eles se conectem, conversem e fazer um movimento”. (Leia mais abaixo em O prêmio).

Para promover a fomentação da profissão, o empresário conta que todos que se inscreveram ganharam acesso completo ao curso Engajamento digital em jornadas de aprendizagem, a ser ministrado em 2023. Os 20 vencedores escolhidos ganham uma bolsa integral de todos os 13 cursos da Perestroika, além de participar da rede de contato com outros professores.

Professor da Universidade de Brasília (UnB), Ricardo Fragelli foi o primeiro dos cinco vencedores da categoria ensino superior anunciados na premiação. Ele foi definido pela produção do prêmio como responsável por justificar “ a palavra mestre ser sinônimo de professor”.

Criador de diversas metodologias, como o Eight, o Método Trezentos e o Rei e Rainha da Derivada, Ricardo auxiliou diversos professores a replicarem o que criou na capital em outros lugares do país.

Como resultado, os métodos reduziram em 30% a redução do sentimento de solidão dos estudantes de engenharia e aumentaram de 50% para 95% o índice de aprovação
em Cálculo 1. Todas as iniciativas foram inscritas no prêmio.

“Suas aulas já viraram ícone pop e são ministradas em cinemas, shoppings e até na rodoviária. Obrigado, mestre”, pontuou a produção do programa. Durante a apresentação, Fragelli também ganhou elogios.

“O Ricardo Fragelli, não sei se dá para dizer que é professor só da engenharia. É da UnB, um ótimo centro de formação de professores. Recebeu já 12 prêmios nacionais na área de educação, um cara sensacional, com vários projetos diferenciados”, disse Felipe Anghinoni, professor fundador das escolas Perestroika Sputnik e apresentador do prêmio.

Ricardo foi um dos cinco vencedores entre 69 inscrições feitas na categoria ensino superior. Quando foi anunciado como vencedor da categoria, Ricardo não segurou a emoção e comparou a ação docente com a paternidade e maternidade. “Quando um pai ou uma mãe desenvolve o melhor de si, ele nunca o faz esperando um prêmio, esperando um obrigado. Esse prêmio é um obrigado. A gente faz uma reflexão sobre todo esse nosso trajeto. Os abraços que doamos e aqueles que recebemos”, pontuou.

Conheça mais sobre o professor de engenharia Ricardo Fragelli

“Eu agradeço pela oportunidade de apresentar as estratégias mais inusitadas possíveis e elas ainda encontrarem ouvidos e olhos e abraços. Dedico esse prêmio aos meus estudantes, a todos os professores que, mesmo na pandemia quando roubaram nossas salas de aulas, descobrimos novas. A minha família, minha esposa Thais Fragelli e minhas filhas”, declarou emocionado.

Com o prêmio Perestroika, Ricardo agora é dono de 13 reconhecimentos nacionais na área da educação. Ele comemora o feito e destaca a relevância de atuar na Universidade de Brasília. “É um prazer fazer parte do grupo de pesquisadores da área educacional da Universidade de Brasília que contribuem para que a mesma continue tendo protagonismo na inovação educacional, que está arraigada na própria fundação da UnB”, pontuou ao Correio. Conheça e entre em contato com Ricardo aqui.

Além de Ricardo, os professores Marília de Orange, de Jaboatão dos Guararapes (PE); João Paulo Simplício, de Camaçari (BA); Eduardo Jara, de Florianópolis (SC) e Diego Medeiros, de Criciúma (SC); foram os ganhadores da categoria ensino superior. Encontre-os no Guia de Professores Mais Criativos do Brasil.

Casal de professores de odontologia levam prêmio por “Netflix da Odonto”

Professores de odontologia, Eduardo Sampaio e Raquel Passos participam da plataforma iDent para aproximar os alunos ao conteúdo em um formato semelhante ao de streaming. Nela, há diversos cursos on-line, além de criação de “reality shows”, como o iDent Talks, com nomes renomados na área e o iDent Quiz, considerado pela produção do prêmio como o grande destaque da metodologia.

No programa, semelhante a um de auditório da TV aberta, Raquel e Eduardo percorrem universidades pelo Brasil e levam profissionais da área para uma bate-papo, além de convocarem os acadêmicos para um jogo de perguntas e respostas. “A produção é incrível e fica difícil definir se Eduardo e Raquel nasceram para ser dentista ou apresentadores”, define a produção do prêmio.

Eduardo é dentista pela Universidade Estadual de Londrina e, Raquel, pela Universidade Católica de Brasília, mas o iDent é uma plataforma independente. Casados, os dois conquistaram mais dois prêmios para a capital federal, escolhidos entre 73 inscrições feitas na categoria ensino livre.

Ao serem anunciados vencedores, os dois homenagearam professores que se desafiam a ensinar de uma maneira “leve, mas séria”.

“Obrigada Perestroika, e parabéns. Que esse título sirva de inspiração para muitos professores que às vezes se sintam desajustados ou não encaixados em um método tradicional, permitindo que a gente acredite em uma educação séria, leve, divertida, competente e assim a gente consegue levar educação ao nosso país”, declarou Eduardo ao receber o prêmio.

O professor também agradeceu à esposa, “que permite ser eu e a gente precisa só ser a gente para levar a paixão”. “Como foi dito, a gente como professor é um pouco pai e pouco mãe, temos que ter amor e temos que liberar nossa criatividade e não ter rídiculo, porque um pai e uma mãe nunca é ridículo ao ensinar algo ao seu filho, algo que realmente tem importância. É ser sério, mas também ser leve”, acrescentou.

Raquel também aproveitou a premiação para afirmar o impacto vivido por ela ao conhecer as iniciativas dos colegas. “Fiquei encantada com o trabalho dos meus colegas, de coração. Como tem tanta gente boa que faz isso tão bem, como ensinar pelo instagram. Foi muito impactante”, disse.

“A gente se inscreveu em ensino livre porque acreditamos que podemos ensinar de qualquer forma em qualquer formato que você queira. Queria agradecer muito aos meus pais que foram meus estimuladores maiores, que são professores, meu avô, minha tia, muita gente que me estimulou, principalmente o Edu que é meu parceiro de tudo nessa vida, principalmente das ideias loucas. Obrigada gente, de coração”, encerraram. Conheça mais Eduardo e Raquel.

O prêmio

Considerada pioneira em plataformas digitais de ensino com metodologias criativas, a Perestroika, em parceria com a Sputnik, decidiu lançar um prêmio para potencializar a importância do educador e as metodologias criadas por eles em um esforço de resgatar o apreço dos alunos pela educação.

“Em 2015, nós abrimos nosso método de dar aula para todos. Recebemos milhões de downloads e agradecimentos de professores de todo país. A gente notou um salto na área da educação, a partir disso, a gente fica muito honrado, mas também percebemos um perigo quando a área da educação começa a se tornar um mercado da educação”, pontua Felipe Anghinoni, professor fundador das escolas Perestroika Sputnik.

Conheça os critérios de avaliação do Prêmio Perestroika

“No momento em que se tornou mais descolado o empreendedorismo educacional, surgiram um monte de cursos, o que é bom, mas também surgiram muitas empresas de educação. E quando o discurso fica para o mercado, o perigo é que a transformação do business acaba sendo uma métrica de sucesso mais relevante do que a transformação de pessoas. Há algo terrivelmente errado quando uma escola fala mais a palavra investidor do que professor”, acrescentou.

Para mudar o cenário que identificaram, a Perestroika decidiu criar uma iniciativa para devolver o protagonismo para o professor. “Pensamos que se ajudamos a mudar o empreendedorismo educacional, trabalhamos para tornar a educação em uma coisa cool, legal, agora é hora de fazer o mesmo com os professores. Eu queria tornar professor em ícone pop, com professores dando autógrafo na rua. Não é pela coisa de ser famoso, é algo de ser reconhecido como um bom professor”, almeja Felipe.

Com o início das inscrições no dia dos professores deste ano, em 15 de outubro, a premiação recebeu 455 inscrições. Delas, 88 foram compiladas em um Guia dos Professores Criativos do País, criado também como uma forma de ser uma parte da premiação. Em seguida, o corpo de jurados escolheu 10 finalistas de cada categoria, que ganharam maior destaque no Guia – quando clica em um estado no compilado, o primeiro nome sugerido é o do finalista.

Na noite da premiação, cinco professores saíram vencedores, reconhecidos e donos de um acesso completo dos cursos da plataforma.

“Eu, pessoalmente, não estou aqui para fazer business, mas sim para fazer escola. Quando eu falo escola, falo com E maiúsculo, escolas que deixam um legado, que emulam uma filosofia, criam uma estética que marcam o tempo. (No prêmio), a gente achou que ia ver coisas boas, mas vimos abordagens surpreendentes, criativas e emocionantes. Eu mesmo chorei em várias inscrições e recebi mensagens dos jurados dizendo que ocorreu o mesmo”, finalizou Felipe.