Trabalhadores se reuniram com representantes do Executivo local para cobrar inclusão entre grupos prioritários da vacinação contra a covid-19. No entanto, não houve atendimento ao pedido da categoria
Os rodoviários do Distrito Federal — grupo formado cerca de 12 mil trabalhadores — marcaram uma paralisação de 24 horas para a próxima segunda-feira (3/5). A princípio, a greve seria nesta sexta-feira (30/4), mas o ato foi desmarcado após o governador Ibaneis Rocha (MDB) convocar a categoria para uma reunião.
Apesar do encontro, não houve acordo entre as partes. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte do Distrito Federal (Sittrater) informou que a reunião não atendeu às expectativas. A categoria esperava um plano de inclusão dos trabalhadores na campanha de vacinação contra a covid-19, junto a profissionais da educação e segurança. No entanto, não há previsão de quando isso vai ocorrer.
O secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, ofereceu, por enquanto, a possibilidade de imunizar rodoviários acima de 55 anos com comorbidades. “Essa proposta não atende aos interesses da categoria, uma vez que atingiria uma faixa muito pequena de beneficiários, muitos dos quais podem até nem estar em atividade”, respondeu o sindicato em nota.
O Sittrater afirmou que o secretário reconheceu como justa a reivindicação da categoria, mas lamentou a impossibilidade de incluí-la entre os grupos prioritários. A justificativa de Osnei Okumoto, segundo a entidade, foi de que “a secretaria está vinculada à definição de prioridade estabelecida pelo cronograma do Ministério da Saúde previsto no Plano Nacional de Vacinação”, o que não pode ser alterado.
A categoria argumenta que os entes federativos têm autonomia para alterar trechos da recomendação do governo federal, “respeitando as peculiaridades de cada localidade”. O sindicato ressaltou que 31 trabalhadores rodoviários morreram desde o início da pandemia no DF, sendo 11 apenas em abril. “Houve dia em que ocorreram três óbitos. Isso é assustador. Consideramos que os mais vulneráveis devam ser protegidos primeiro”, defendeu o Sittrater.
Por meio de nota, a Secretaria de Saúde e a pasta de Transporte e Mobilidade confirmaram a oferta de vacinação dos rodoviários com 55 anos ou mais desde que tenham doenças crônicas. “O Distrito Federal segue as orientações do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde na definição do grupo elegível para receber a vacina. No momento, a categoria dos rodoviários não está prevista no PNI para receber o imunizante”, justificaram os órgãos distritais.
No texto, a Secretaria de Transporte e Mobilidade comunicou que vai pleitear, junto ao Ministério da Saúde, a inclusão dos rodoviários entre as prioridades. A nota do governo local reconhece a validade das reivindicações pelo aspecto epidemiológico, mas enfatizou que é preciso haver “trâmite junto ao Ministério da Saúde”.