Unidade é vizinha de muro do Bezerrão, estádio que recebeu os treinos dos astros da Amarelinha; crianças que praticam futebol no local falam sobre a experiência, que estimulou (ainda mais) o desejo de jogar profissionalmente
Menos de 100 metros separam o campo sintético do Centro Olímpico e Paralímpico (COP) do Gama do Bezerrão, estádio que, no último fim de semana, recebeu treinos da Seleção Brasileira. Estar tão perto fisicamente dos atletas fez parecer menor a distância entre as 452 crianças que praticam futebol no COP e o sonho de um dia vestir a Amarelinha.
“Isso dá uma inspiração a mais, você saber que os seus ídolos estão jogando do seu lado, praticamente, respirando o mesmo ar que você está respirando. Dá um ânimo a mais para continuar seguindo seu sonho”, descreve Samuel Chrysthopher, 15 anos. “Meu sonho sempre foi estar perto da Seleção Brasileira”, emenda Paolo Ribeiro, 11. “Foi aniversário do Gama e é um presente muito grande eles virem aqui”, celebra Johny Menezes, 10.
João Arthur Ferreira, 12, foi além e conseguiu até um autógrafo do meia Bruno Guimarães. “É muito bom ter essa sensação que vários jogadores, ídolos, treinaram aqui do nosso lado, na cidade onde eu moro. É muito bom ter essa oportunidade”, avalia o garoto, fã de Vinicius Júnior. Já Kennedy Alves, 14, lembra os jogadores nascidos em Brasília que defenderam as cores verde e amarela, e exalta a estrutura do COP do Gama. “Tem muito pessoal que veio daqui, como o Endrick, já vi professores também contando histórias de pessoas que saíram do COP, começaram treinando aqui. E eu vejo um potencial muito grande nos alunos”.
Comandada por Dorival Júnior, a Seleção Brasileira fez dois treinos no Bezerrão antes da partida contra o Peru, válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, a ser disputada nesta terça-feira (15), na Arena BRB Mané Garrincha. “Essa experiência não apenas inspira nossos jovens atletas, mas também demonstra que, com dedicação e esforço, eles podem alcançar grandes conquistas. Por meio dos COPs, estamos investindo no futuro do esporte e no desenvolvimento dos nossos talentos locais, e ver essas crianças utilizando os nossos programas e espaços é um passo importante nessa jornada”, destaca o secretário de Esporte e Lazer, Renato Junqueira.
COP
Atualmente, 2.841 estudantes estão matriculados no COP do Gama, que oferece 20 modalidades. O espaço tem localização estratégica: bem no centro da região administrativa e vizinho de muro do estádio. “A equipe técnica bem pronta, preparada, avisa aos alunos: ‘Olha, está ali [o Bezerrão]. Se você tem um sonho, vai correr atrás’. O esporte é vida, o esporte mobiliza, o esporte é educação, o esporte é tudo. Então, essas crianças têm esse estímulo”, enfatiza o diretor da unidade, André Brayner.
A inspiração também vem dos professores. Pedro Telles, que ministra as aulas de futebol, recorda que, na juventude, vendia amendoim no Bezerrão e teve a vida transformada pelo esporte. Hoje, quer possibilitar o mesmo a seus alunos: “Nossas crianças precisam muito estar envolvidas em algum esporte, e nada melhor do que o futebol, que é a paixão nacional. Isso ajuda em tudo, no desenvolvimento, no crescimento, na educação, na disciplina e, o mais importante, na saúde”.
Pais e responsáveis reforçam os ganhos vindos do esporte. “Os meninos aprendem a gostar cada vez mais de uma atividade física, aprender as regras das modalidades e assim eles vão seguindo até, quem sabe, ser um atleta de ponta”, diz a servidora pública Fabíola Melo, madrinha de um aluno. “Meu filho é apaixonado por futebol. Ele está aqui há dois anos no Centro Olímpico. Então, é muito bom incentivar o esporte, sempre bom ter o esporte na vida de uma criança, a disciplina, a técnica… Ele é apaixonado pelo Centro Olímpico e eu faço questão de acompanhar”, completa Fabiana Praia, mãe de outro estudante.
Mãe de duas crianças, a dona de casa Kelian Nascimento afirma que o COP é “um lugar completo, acolhedor”, que atende tanto o mais velho, que pratica futebol, quanto o menor. Ao falar sobre a proximidade dos treinos da Seleção Brasileira, ela se emociona: “Uma grande honra ver meu filho treinando aqui perto e, vendo por esse lado, ainda aumenta mais esse desejo [de ser jogador profissional], ele vê que é possível. E é muito gratificante. É a realização de um sonho, tanto do meu filho quanto meu”.