Com histórico escolar na rede pública do DF, jovem superdotado vai cursar matemática
Aos dois anos e meio de idade Vitor Andrade já distinguia as cores, identificava letras e contava os números. O interesse por bandeiras de países, capitais de Estado, astronomia e assuntos poucos usuais ao universo infantil também dominavam sua rotina. No ensino fundamental, estava sempre à frente da sua turma e assistir as aulas passou a não despertar mais interesse, já que ele sabia o que seria ensinado.
Aluno do ensino público e morador do Itapoã, Vitor descobriu um novo sentindo na escola quando passou a frequentar a sala de Altas Habilidades, programa voltado para crianças e adolescentes superdotados da Secretaria de Educação do Governo do Distrito Federal (GDF).
Um suporte no contraturno escolar que levou o estudante, aos 16 anos e ainda no segundo ano do ensino médio, a ocupar uma vaga no curso de matemática da Universidade de Brasília (UnB).
A carreira estudantil do adolescente é coroada por medalhas de ouro, prata e bronze em provas de conhecimento como as olimpíadas brasileira de Matemática de Escolas Públicas, de Astronomia, de Educação Financeira e de Informática.
Sem contar na monitoria que prestava no Gisno, escola da Asa Norte, em raciocínio lógico – ensinando, inclusive, outros colegas medalhistas em conhecimento com altas habilidades como a dele.
“Sempre fui colaborador, sempre gostei de pesquisar, entender dos assuntos, mas nunca quis aprender sozinho. Meu desejo de compartilhar conhecimento e fazer com que meus colegas também aprendam é constante”, conta Vitor, filho do meio de três irmãos de um pai professor de artes marciais e de uma mãe diarista.
O reconhecimento de que Vitor tinha não só o conhecimento, mas a maturidade para acelerar um ano escolar e assumir a vaga na universidade veio da professora da sala de Altas Habilidades Glauciete Sarmento. “O programa impulsiona o aluno superdotado a desenvolver o quão bom ele é e a se encontrar naquilo que ele é capaz. E o Vitor é um destaque num universo de grandes matemáticos”, conta ela.
“O Vitor é um inteligente nato. Ainda criança foi medalhista em karatê e interessado em aprender. Mas na sala de Altas Habilidades ele se encontrou e teve o suporte de profissionais bastante qualificados”, garante o pai, conhecido no bairro como Raimundo Furacão, 56 anos.
A hora e a vez dos superdotados
Por ser menor de idade e, legalmente, inapto a prestar um supletivo, Vitor precisou fazer uma bateria de provas e garantir aceleração de um ano no Cemeb da 908 Sul, onde estudou quando obteve as notas do Exame de Ensino Médio (Enem) que o levaram à aprovação da UnB.
Atualmente o programa de Altas Habilidades da Secretaria de Educação atende mais de 2 mil alunos com turmas espalhada em 17 regionais de ensino do Distrito Federal.