Vivendo há mais de dez anos no quartel, a gata participa da rotina dos bombeiros e até já evitou um incêndio no local
Hoje, Fumaça é mais antiga do que a maioria dos militares que estão no grupamento. Por isso, a data de chegada dela ao local é incerta. “A história que contam é que ela começou a frequentar o quartel e depois surgiu um dono, que a levou para casa”, comenta a sargento Luisa Jório. “Mas, pelo jeito, ela não se adaptou, ou ela fugiu ou o antigo dono a trouxe de volta para cá por perceber que era melhor ela ficar com a gente. E ele estava muito certo”.
“Tem alguns bombeiros de quem ela gosta mais, mas ela está sempre perto de qualquer um que estiver disposto a dar carinho”Sargento Flávio Queiroz
A gatinha é completamente ambientada à rotina do GBM. Ela segue os militares em suas ações pelo quartel, como na cerimônia de Hasteamento da Bandeira e na conferência das viaturas e dos materiais, além de fazer companhia aos plantonistas durante a madrugada no rádio-operador.
O grupamento também é adaptado à presença da felina. Há potinhos para ração e leite espalhados pelo local e algumas cadeiras são dedicadas a ela. Alimentar e fazer carinho na gata são práticas incorporadas à rotina de todos que atuam no local.
“Ela é muito manhosa, está sempre perto da gente”, define o sargento Flávio Queiroz. “Tem alguns bombeiros de quem ela gosta mais, mas ela está sempre perto de qualquer um que estiver disposto a dar carinho.”
Dia de bombeira
Em todo esse período no quartel, Fumaça mostrou que aprendeu direitinho o serviço. A felina teve seu dia de bombeira em 2018, quando identificou um foco de incêndio e evitou que o fogo se alastrasse pelo grupamento.
Os militares tinham acabado de chegar de uma ocorrência e descansavam, quando Fumaça procurou o sargento Flávio Queiroz para alertá-lo de um novo perigo. “A gata começou a ficar miando perto de mim”, conta o bombeiro. “Olhei para ela e perguntei: o que foi, Fumaça? Fiz um carinho, mas ela não queria. Ela ficava se esfregando nas minhas pernas. Quando eu me levantei, ela correu em direção à escada, que é onde a gente tem acesso à parte da secretaria”.
Quando Queiroz chegou à escada, foi surpreendido pela fumaceira que saía da sala da secretaria, onde havia um princípio de incêndio no roteador. “O fogo começou a se espalhar pela mesa, e foi só o tempo de chamar o restante dos bombeiros”, lembra. “Armamos uma linha de água e combatemos o incêndio, que estava avançando para se alastrar. Graças à nossa mascote, a heroína Fumaça, conseguimos extinguir o incêndio a tempo. Depois, foi só aproveitar e comemorar com ela o êxito”.
Apesar de o nome da felina ter sido dado devido à coloração de seu pelo, após o fato, ficou ainda mais apropriado. “Ela detectou a fumaça, então [surgiu] mais um motivo”, acrescenta o sargento.
Presença importante
O convívio com Fumaça é visto pelos bombeiros como uma forma de alegrar um ofício muitas vezes pesado. “É muito bom e muito importante para nós, porque ela está sempre perto”, avalia o Queiroz. “Isso nos desconecta um pouco do serviço, que às vezes está estressante. É muito gratificante tê-la com a gente”.
Para a sargento Luisa Jório, a presença do animal é um diferencial no trabalho: “Quando eu vim trabalhar aqui, gostei do fato de ter uma mascote. As pessoas têm plantão de 12 ou 24 horas; então, ter um animal para fazer carinho, cuidar e dar ração é uma forma de passar o tempo e alegrar o plantão”.
Auxiliar de limpeza no local há cinco anos, Coaraci Alves da Silva também adora a presença de Fumaça, uma situação que ela nunca havia experienciado em outros trabalhos. “O convívio com ela é excelente”, garante. “A Fumaça é uma gatinha meiga, doce, um ser lindo. Ela tem um carinho especial pela gente da limpeza”. Motivos não faltam: são as quatro funcionárias que todos os dias dão leite para a gatinha.