Protestos ocorreram após a condenação de uma jornalista do país por fazer cobertura dos efeitos da pandemia em Wuhan, epicentro da Covid-19

 

O grupo de ativistas do movimento Democracia Sem Fronteiras decidiu projetar imagens de repúdio contra o governo chinês em vários cartões postais de Brasília. As imagens foram vistas, durante a noite de segunda-feira (30/12), na Esplanada dos Ministérios, no Estádio Nacional Mané Garrincha e no Museu Nacional Honestino Guimarães.

Nas projeções a laser, mensagens como “governochinesmentiu.org.br” e “Huawei não” estamparam as edificações por algumas horas como forma de protesto, principalmente, contra a a empresa ligada ao governo chinês, que tem como um dos seus objetivos a implementação da tecnologia 5G no Brasil.

Os atos também são contrários à recente condenação de uma jornalista chinesa por cobrir a pandemia da Covid-19 em Wuhan. Zhang Zhan foi sentenciada a quatro anos de prisão por divulgar nas redes sociais a situação dos hospitais na cidade, que foi epicentro da pandemia de coronavírus na China.

“ O movimento acredita que, para que haja democracia, é essencial a liberdade de imprensa. Isso porque a principal função do jornalismo é levar ao conhecimento da população aquilo que não está claro, sendo a voz daqueles que não podem se posicionar diante de injustiças e irregularidades”, afirmou Gabriele Machado, uma das ativistas Democracia Sem Fronteiras.

Além de Zhang, pelo menos outro quatro jornalistas chineses desapareceram em 2020, após divulgarem informações contrárias às apresentadas oficialmente pelo governo chinês, segundo justificou o movimento.

O Democracia sem Fronteiras foi criado em novembro de 2019 e descreve-se como “um movimento de pessoas engajadas no fortalecimento e na defesa do direito à democracia em todos os países do mundo”. Desde o início da pandemia, o grupo tem cobrado respostas do governo chinês pela “omissão de informações”, reforçando que a pandemia, segundo alegam, poderia ter sido radicalmente minimizada se tratada com a transparência e imediata resposta que o caso exigia.

Em Brasília, o grupo ficou conhecido pelas manifestações contrárias ao presidente chinês. Desde o momento da chegada à capital federal, para participar da 11ª Cúpula do Brics (bloco que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Xi Jinping foi perseguido pelos ativistas, que clamavam contra a presença do líder, classificado por eles como “ditador”.

Além dos protestos organizados, o grupo anunciou, em letreiros luminosos da cidade, palavras de ordem contra o que os integrantes taxam de governo ditatorial. O movimento passou a fazer vigília nas proximidades da Embaixada da China no Brasil, localizada na Avenida das Nações, mas os atos acabaram impedidos por policiais militares que reforçaram a segurança na região.