Atualmente, a rede pública de ensino do DF conta com dois projetos, no Gama e no Recanto das Emas, responsáveis por abastecer sete unidades escolares por meio de placas fotovoltaicas
A intenção do governo é atingir o máximo de unidades escolas nos próximos anos. Se o projeto chegar a 150 unidades, será capaz de abastecer toda a rede com energia solar. “Se pegarmos o montante de 800 unidades, já passa a ser um projeto muito significativo, porque seria o suficiente para atender a todos com distribuição de energia solar”, afirma o diretor de serviços administrativos da Secretaria de Educação (SEE-DF), Firmino Queiroz. A estimativa de custo total é de R$ 80 milhões.
A mudança significaria mais recursos no Fundo de Educação. Hoje, a pasta gasta, em média, de R$ 23 milhões a R$ 27 milhões em contas de luz. “Quando esse recurso é economizado, ele fica nas contas do GDF e pode ser usado em outras destinações de educação, como produção de material gráfico, infraestrutura e até para investir no próprio Pdaf [Programa de Descentralização Administrativa e Financeira]”, afirma Queiroz.
“Esses projetos vão muito além da economia que proporcionam para as escolas e para a rede pública de ensino do Distrito Federal. Com eles, os alunos têm contato direto com um dispositivo que traz uma consciência de preservação do meio ambiente e de inovação, e mudança de pensamento”, defende a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá.
Política sustentável
Duas escolas do Gama foram as pioneiras no uso de energia solar no DF: o Centro de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional (Cemi) e o Centro de Educação Fundamental (CEF) 11. Ambas implantaram os sistemas em 2022 e já colhem os frutos do projeto. “As escolas têm um aproveitamento de quase 100% na conta de luz. Hoje elas pagam apenas uma taxa mínima, que é fixa no valor de R$ 80. Sem falar que elas produzem energia para além do que necessitam em cada unidade”, revela a coordenadora regional de ensino do Gama, Cássia Nunes.
Com recursos de emenda parlamentar no valor de R$ 200 mil, o CEF 11 do Gama recebeu a instalação de 80 placas fotovoltaicas no telhado da quadra poliesportiva, que estão em funcionamento desde janeiro de 2022. “Essa energia é a base da escola. Alimenta as salas de aula, o laboratório, a parte administrativa e a cozinha”, afirma a diretora Leila Rodrigues. Segundo ela, a unidade já chegou a pagar até R$ 5 mil de conta de luz.
Além de beneficiar os 780 alunos e os 200 servidores, a energia solar na unidade também abastece outra instituição, a Escola Classe 9 do Gama, onde estudam 563 alunos no ensino infantil. A previsão é de que mais duas escolas possam ser abastecidas. Segundo a Secretaria de Educação já está definido que a Escola Classe 17 será a próxima. “Algumas instituições de ensino nos procuraram para saber sobre o projeto. Acreditamos que esse é o caminho – numa sociedade tudo começa na escola, porque o aluno vira um dinamizador das ideias”, completa a diretora.
O projeto nasceu dentro da sala de aula, a partir da união do corpo docente e dos estudantes. “O antigo diretor tinha o sonho de fazer essa escola sustentável. Então começamos dentro da sala de aula a questionar os alunos sobre energia solar. Eles abraçaram a ideia e participaram do projeto, tanto que já temos muitos outros projetos em vista para esse ano”, comenta a professora de ciências Michelle Rocha. E o tema da energia renovável segue sendo pauta das aulas.
Em seu segundo ano na escola, o estudante Isaque Maciel, 13, se diz empolgado com a estrutura física e pedagógica sustentável da instituição. “Acho algo incrível, porque podemos usar uma energia renovável e reutilizável que outras escolas não têm. Se as crianças são o futuro da nação, ao sabermos de informações como essa, vamos ter educação suficiente para futuramente resolvermos situações que aconteçam”, define.
Onze meses após o CEF 11 do Gama entrar no cenário da energia renovável, o Cemi do Gama também passou a utilizar as 80 placas fotovoltaicas em um dos blocos da escola, instaladas com investimentos de R$ 150 mil de emenda parlamentar, destinados à Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF).
“Temos vários projetos de iniciação científica na escola. O trabalho para a conscientização é constante e fomos um dos pioneiros na energia solar”, afirma o diretor do Cemi, Lafaiete Formiga. Ele lembra que a energia da escola custava em média R$ 7 mil. “Tivemos uma economia gigantesca. As placas abastecem toda a estrutura, que tem 12 salas de aula, quatro laboratórios de informática, laboratório de ciências e laboratório multimídia”, explica. O projeto beneficia os 550 alunos atendidos pela escola técnica.
Ampliação do sistema
Há duas semanas, a Escola Classe 510 do Recanto das Emas passou a contar com energia solar. Na instituição, foram instaladas 90 placas fotovoltaicas com recursos de emenda parlamentar na ordem de R$ 200 mil. A capacidade de gerar energia é tão grande que o resultado é distribuído para mais outras três unidades: Escola Classe 115, Centro de Educação Infantil 310 e CEF 306. Ao todo, são quase três mil alunos e servidores beneficiados com a tecnologia.
“Nós já ansiávamos por desenvolver um projeto nessa área de sustentabilidade porque temos o circuito de ciências, que trata dessa questão. Várias escolas nos trouxeram o tema da energia limpa, então buscamos apoio para que pudéssemos colocar em prática”, recorda a coordenadora regional de ensino do Recanto das Emas, Mariana Ayres.
As tratativas começaram no ano passado. Nesse período, a escola passou a debater o tema com os alunos. “Não fazia sentido ter tudo isso e os alunos não entenderem. Os professores trataram do assunto para que os estudantes pudessem se apropriar disso”, comenta a diretora Patrícia Henriques. A expectativa da escola é economizar R$ 70 mil por ano.
Outras duas escolas da rede pública estão com os projetos de energia solar em tramitação. São elas: o Centro de Ensino Médio 404 de Santa Maria e o Centro de Ensino Médio 1 de Brasília, esse último em uma parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF) chamada Escolas Inovadoras.