População aproveita o primeiro fim de semana após com templos e áreas de lazer abertos
O primeiro domingo com igrejas e parques reabertos após a efetivação do Decreto nº 40.846 movimentou o final de semana de algumas famílias. Os templos católicos e as áreas de lazer do Distrito Federal tiveram que se adaptar às novas normas de funcionamento exigidas.
No Santuário Dom Bosco, na quadra 702 da Asa Sul, por exemplo, que possui espaço para 2 mil pessoas sentadas, foi estabelecido que cada um dos 223 bancos do lugar fosse ocupado exclusivamente por um frequentador. Para atender aos requisitos de segurança à saúde, os fiéis foram intercalados entre os lados de cada assento. Enquanto um se senta à extremidade esquerda, o outro, no banco de trás, posiciona-se à extremidade direita.
Apesar de valorizar o isolamento social, o padre Jonathan Costa, coordenador da casa religiosa, entende que muitas pessoas necessitam de atendimento presencial. “Temos aconselhado as pessoas a ficarem em suas casas, mas sabemos o quão importante é a experiência de fé, sobretudo para as pessoas que estão abaladas psicológica, emocional e espiritualmente, e precisando de aconselhamento”, acredita. Vale ressaltar que pessoas acima de 60 anos e crianças de 12 ou menores não podem participar das reuniões presenciais.
De acordo com Verônica Valadares, 28, o período sem as missas serviu como uma espécie de teste para a fé e as reais intenções por trás das anteriores idas ao templo. “Quando você fica de certa forma desobrigado de ir presencialmente à missa, é o momento em que sua fé deve falar por si própria. Se não partisse de mim a ação para praticar a fé, realmente eu estaria aqui apenas por obrigação”, finalizou.
Para o casal Júnior e Fabiana Carrilho, o sentimento da volta é “magnífico”. “Nos sentimos mais fortalecidos para seguir com as outras dificuldades do dia a dia. Assistir a comunhão em casa não substitui a que temos presencialmente”, comentou Fabiana. Júnior afirmou que, apesar de manter a rotina espiritual, as transmissões ao vivo adotadas no Santuário não lhe agradavam. “Acho que somos até um pouco conservadores demais, de vir, ter a bênção do padre e a hóstia”, opinou.
Nos últimos dias, o movimento no Parque da Cidade, segundo o administrador Silvestre Rodrigues da Silva, está muito aquém do normal. De acordo com ele, o tradicional ponto de lazer em Brasília, que em um fim de semana chegava a receber cerca de 30 mil pessoas, teve o balanço reduzido em pouco menos da metade, em quase 15 mil utilitários. Durante a semana, entre quarta — dia de abertura — e sexta-feira, o movimento de cada dia não passou de mil circulantes.
“As pessoas estão respeitando, cumprindo com o distanciamento, e quando vemos mais pessoas reunidas, são da mesma família”, afirmou Silvestre. Segundo o administrador, não houve casos de resistência a pedidos de cumprimento quanto ao uso da máscara, que não negou a existência. “Mas as pessoas estão conscientes do que devem fazer, então quando os fiscais pedem para que coloquem, elas obedecem.”
Adilson e Ângela Sousa, 52 e 55, respectivamente, eram um dos poucos que estavam sem máscara no momento da abordagem da reportagem. A justificativa, de acordo com eles, foi por estarem em uma área isolada, na grama, longe dos transeuntes nas ciclovias e faixas. Haviam lanchado anteriormente. “Aqui estamos só nós dois, mas no público em geral respeitamos bastante”, alegou Adilson. O administrador do parque, no entanto, faz uma ressalva: “A regra vale para todos e em todas as situações”, segundo Silvestre.
Já Carlos Felipe Corrêa, 40, Tatiana Carvalho, 35, e a filha Ana Letícia, 6, mesmo incômoda em atividade física, não deixaram a proteção facial longe do rosto. Eles que costumavam ir ao parque antes da pandemia, sentiram falta do ar fresco. “Não temos muito o que fazer nesse período. Uma das nossas atividades preferidas era vir ao parque. As possibilidades ficaram restritas na quarentena”, contou Tatiana.
Ela concorda que o distanciamento tem sido respeitado, e deixa uma sugestão. “O anel viário foi fechado para os carros, e poderia se manter, ao menos nos fins de semana, porque ajuda a manter as pessoas separadas”.