Cirurgia que separou as gêmeas nascidas unidas pelo crânio ocorreu em 27 de abril de 2019.
Há exatamente um ano, as gêmeas que nasceram unidas pela cabeça entravam no centro cirúrgico do Hospital da Criança de Brasília José de Alencar para um desafio imenso: resistir à rara e delicada cirurgia que as separaria.
Foram mais de 20 horas de operação, seguidas de 36 dias de internação e muita fisioterapia. Por conta da pandemia de Covid-19, preferem não receber visitas. A conversa com o Correio, então, ocorre pelo telefone. Quando solicitada para enviar uma imagem que melhor represente a vida das filhas após a cirurgia, Camilla pede tempo para pensar e, no dia seguinte, manda a foto das irmãs usando o uniforme da escola e se abraçando, com sorrisos largos no rosto.
A jovem mãe explica a escolha. Sabe que as meninas não estão com o cabelo arrumado e a pose não é das mais fotogênicas. Mas a cena representa a realização do que ela sempre sonhou para Lis e Mel: uma vida comum e repleta de amor entre irmãs, com a possibilidade de se tocar porque se gostam, e não porque nasceram dividindo parte do crânio.
Esses abraços são uma das várias “pequenas realizações” das meninas desde que deixaram a sala de cirurgia. Elas reaprenderam a fazer coisas básicas — como controlar o pescoço e engatinhar — e ganharam novas habilidades, como caminhar, falar os próprios nomes e as primeiras palavras, e conviver com os coleguinhas de escola. Aprenderam também a curtir a vida: amam brincar de boneca e passar os dias mais quentes na piscininha de plástico. E como a amizade é grande demais, pedem para dormir no mesmo berço, como fizeram nos primeiros 10 meses de vida.